Oitenta porcento das empresas na Bolsa brasileira não pagam o custo de oportunidade dos acionistas, garante o professor Oscar Malvessi, da FGV. Consultor e autor de livros sobre Finanças Coroporativas e Valuation, Malvessi aponta que as empresas na Bolsa deveriam usar a metodologia de Valor Econômico Criado (VEC), para analisar o retorno real que dão aos seus acionistas.
O VEC, parte do conceito de administração baseada em valor, trata da valorização do dinheiro do acionista e busca a criação de valor real em empresas, levando em conta o custo de oportunidade para a aplicação daquele dinheiro.
Em entrevista exclusiva a Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, Malvessi destacou que a criação de valor é uma ideia que surgiu nas décadas de 1960 e 1970 nos Estados Unidos, influenciada pelo desafio apresentado pelos japoneses, que lançavam produtos tecnologicamente avançados a preços mais baixos. Isso levou os empresários a repensarem como avaliar o desempenho das empresas de maneira mais eficaz.
Veja a entrevista na íntegra:
Ele explicou que as demonstrações financeiras tradicionais não levam em conta o custo de oportunidade do dinheiro investido pelos acionistas, tornando importante a adoção do VEC para uma análise mais precisa. Ao incorporar o custo de oportunidade do capital no cálculo dos lucros, a avaliação da criação de valor se torna mais precisa.
O professor enfatiza que, apesar das demonstrações financeiras serem padronizadas globalmente, elas não consideram o custo de oportunidade do capital, o que torna a análise gerencial uma necessidade para investidores e empresas. Ele observou que a adoção da metodologia de criação de valor pode aumentar o valor de mercado de uma empresa entre 20% a 30%, como demonstram estudos internacionais.
Malvessi ressaltou que as empresas deveriam comunicar esse conceito aos investidores e que os acionistas de mercado deveriam cobrar a adoção dessa metodologia.
O professor entrevistado, com 25 anos de experiência em Finanças na Fundação Getulio Vargas, enfatiza a importância do ensino de criação de valor em Finanças e destaca a diferença entre as abordagens tradicionais e modernas de valuation. Ele menciona que muitas escolas ainda ensinam de maneira desatualizada e com livros defasados.
Malvessi destaca a importância do conceito de lucro econômico, que leva em consideração o custo de oportunidade do dinheiro do acionista, e como isso difere do lucro contábil. Ele enfatiza que a atualização dos indicadores tradicionais não é suficiente para refletir a criação real de valor.
Ele aponta que o ensino de Finanças precisa evoluir, indo além de indicadores como ROA (Return on Assets) e ROI (Return on Investment Capital).
O professor ressalta a importância de pensar a longo prazo ao investir em ações e criar uma carteira de investimentos diversificada para reduzir o risco. Ele destaca que o custo de oportunidade no Brasil é alto devido à volatilidade e à taxa de juros elevada, e, por isso, é fundamental buscar retornos compatíveis.
Em resumo, a entrevista enfatiza a importância da modernização do ensino de Finanças, o conceito de lucro econômico, a necessidade de pensar a longo prazo, e a importância de uma análise técnica aprofundada na avaliação de investimentos em ações. Para os investidores, compreender esses conceitos pode ajudar a identificar oportunidades e reduzir riscos em seus portfólios.