Em meio aos impactos de uma possível recessão nos Estados Unidos e da evolução da inflação após a queda dos preços da gasolina no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), inicia hoje (2), em Brasília, a quinta reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. Amanhã (3), ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão.
Nas estimativas das instituições financeiras, o comitê deverá encerrar o ciclo de aumento de juros, apesar das pressões atuais sobre a inflação. Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a Selic deverá passar de 13,25% para 13,75% ao ano, com alta de 0,5 ponto percentual. Os analistas de mercado esperam que a taxa permaneça nesse nível até o fim do ano.
Na ata da última reunião, os membros do Copom indicaram que pretendiam aumentar mais uma vez a taxa Selic em 0,5 ou 0,25 ponto percentual, mas deixaram aberta a possibilidade de promover novas altas caso a inflação persista.
Até maio, os comunicados do BC indicavam que a autoridade monetária pretendia encerrar o ciclo de elevações em junho. No entanto, as altas além do previsto promovidas pelo Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) e do Banco Central Europeu adicionaram pressão sobre os juros brasileiros.
A XP espera alta de 0,5pp na taxa Selic nesta reunião. “Acreditamos que o Copom deixará a porta aberta para parar ou continuar em setembro. A incerteza fiscal é o principal risco para a inflação no horizonte relevante”, acrescentam os economistas.
Com as pressões inflacionárias globais começando a diminuir, a XP acredita que o Copom finalmente fará a pausa que vem sinalizando há algum tempo. “Em nosso cenário básico, o Copom eleva a Selic em 0,50pp esta semana e a mantém em 13,75% até meados do ano que vem. Reconhecemos, porém, que o Comitê pode optar por ir um pouco mais longe, para garantir que o IPCA recue adiante”.
Em entrevista à Agência CMA, o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, disse acreditar em aumento de 0,50 ponto percentual na Selic. Para ele, não há motivos para o comunicado não deixar as portas abertas para nova elevação em setembro, mesmo antevendo a possibilidade dessa decisão poder não ser tomada.
Dylan Della Pasqua /Agência CMA
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