Na última sexta-feira (29/7), a CSN venceu o leilão de privatização da participação de 66% do governo do estado do RS na CEEE-G, que opera ativos de geração de energia de 1,3 GW, dos quais 97% hidrelétrica, e deu um importante passo para alcançar autossufiência em produção de energia, avalia o Bank of America (BofA).
A siderúrgica superou a oferta da Auren, oferecendo 11% de prêmio em relação ao preço mínimo, e arrematou a participação do governo gaúcho por R$ 3,1 bilhões, que inclui o valor patrimonial de R$ 928 milhões, taxa de renovação de concessão de R$ 1,8 bilhão e R$ 400 milhões para os 33% restantes de propriedade da Eletrobras.
“Com a aquisição da CEEE-G, a CSN poderá somar até 395MW médios (compromisso firme, ex-participações minoritárias), que somadas às outras duas aquisições menores anunciadas no início deste ano (Chapecó e Topazio/Santa Ana) devem colocar muito perto de atender suas necessidades de 595 MW médios até 2027 e se tornar autossuficiente”, escreveram os analistas.
Em seu último evento anual com investidores, a CSN esperava que seu consumo de energia aumentasse de 430 MW médios em 2020 para 840 MW médios até 2027, além de aumentar a capacidade de autogeração para se tornar autossuficiente (atualmente, a companhia produz 57% de suas necessidades de energia).
O BofA estima que os retornos para Auren em seu lance final implicaram uma TIR real de 10,8% (assumindo R$ 150/MWh, acima do estimado pelo BofA). Para a CSN, a análise vê a cia beneficiada pela regulação do autoprodutor, com os retornos impulsionados pela isenção de encargos setoriais (R$50/MWh, segundo projeção do BofA).
Os analistas avaliaram a transação como positiva para a CSN devido à economia atraente sob a regulação do autoprodutor e cautelosa na geração de energia, pois falta de licitantes interessados sugere riscos.
“O fato de que o leilão teve apenas dois licitantes interessados (apenas uma concessionária de energia) pode sugerir que o risco-recompensa na geração hidrelétrica parece pouco atraente. Por quê? Em termos de retorno, o leilão ofereceu TIRs implícitas acima da média (vs 6-8% TIR real na transmissão ou <10% M&A em renováveis), na execução, a CEEE-G tem complexidade limitada em comparação com outras M&A com poucos licitantes interessados (por exemplo, empresas de distribuição em dificuldades) e as concessionárias de energia dentro da cobertura estão em níveis de alavancagem confortáveis. Assim, achamos que poucos licitantes apoiam nossa visão cautelosa sobre a geração hidrelétrica”, finalizaram.
Cynara Escobar / Agência CMA
Imagem: divulgação
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