O dólar comercial fechou a R$ 5,164 para venda, com desvalorização de 1,6%. O sentimento de que a política monetária dos Estados Unidos deverá ser mais branda nos próximos meses determinou mais um dia de perdas para a moeda americana na comparação com o real.
A perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) irá adotar uma postura dovish começou a ganhar forma ontem, quando o juro básico subiu 0,75 ponto percentual, dentro do esperado, e após o mercado interpretar as declarações do presidente do banco, Jerome Powell.
Hoje, essa quase certeza dos investidores se consolidou após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre dos Estados Unidos. O PIB apresentou queda de 0,9%, ante projeção de alta de 0,3% do mercado.
Segundo o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, “o resultado do PIB reforça a perspectiva de que os juros não vão subir em uma velocidade extrema. A taxa terminal, contudo, deve ficar no intervalo de 3,75% a 4% no início de 2023”.
Sanchez entende que o mercado readequou a moeda brasileira para um patamar de equilíbrio. “A melhora do real ficou acima dos pares pois estávamos em um patamar mais elevado. A volatilidade a curto prazo, porém, é grande, com drivers como as eleições, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e a guerra na Ucrânia”.
Para o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o real está descolado da bolsa e de seus pares. O fluxo estrangeiro continua intenso”.
Nagem entende que um Fed menos duro é favorável ao real. “O dólar pode encostar em R$ 5,10 até amanhã. Só uma notícia muito ruim muda esta situação”, analisa.
Rafael Mazzini, Head de Câmbio da Wise / Boreal, ainda destacou a posição de evidência que o real teve esse pregão em relação às moedas mundiais: “O real revezou com o iene japonês o posto de divisa com melhor performance global nesta sessão”.
De acordo com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o resultado foi péssimo, e mostra uma recessão técnica nos Estados Unidos, com o segundo trimestre seguido de queda”.
Vieira ainda observa que isso fortalece a percepção do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) diminuir o ritmo contracionista, e que, a princípio, é um fator que tende a enfraquecer o dólar.
Dylan Della Pasqua e Paulo Holland / Agência CMA
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