Os juros futuros encerraram o pregão em queda, refletindo a postura “dovish” do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, após a reunião de política monetária, o que também impactou os Treasuries americanos.
Investidores ficaram aguardando as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, que decidiu cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 pp, para 12,25% ao ano. Paralelamente, a atenção se voltou para a meta do resultado primário em 2024 e a reunião do Fed.
Taxas de Juros em queda no encerramento
Na última sessão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,945%, em comparação com 11,083% do dia anterior. O DI para janeiro de 2026 registrou 10,81%, ante 11,05% do ajuste anterior, enquanto o DI para janeiro de 2027 caiu de 11,23% para 11,01%. Já o DI para janeiro de 2029 ficou em 11,37%, marcando uma mínima (em comparação com 11,58% do dia anterior).
Influência da curva de rendimentos dos treasuries
A dinâmica das taxas locais foi amplamente influenciada pela curva de rendimentos dos Treasuries ao longo do dia. Inicialmente, as taxas foram impactadas pelo relatório trimestral de refinanciamento da dívida do Tesouro e, posteriormente, pelas decisões do Federal Reserve, que manteve as taxas de juros entre 5,25% e 5,50%, conforme amplamente previsto.
Alívio nas preocupações com emissões de títulos
O aumento das emissões de títulos ficou aquém das expectativas e recomendações do comitê consultivo, aliviando preocupações sobre uma oferta excessiva de títulos, que havia impulsionado os prêmios dos T-Note de 10 anos desde o último relatório, como observado por James Reilly, economista de mercado da Capital Economics.
Powell reforça postura cautelosa
Após o comunicado do Fed, as taxas de juros locais e americanas diminuíram, refletindo a falta de novidades em relação ao texto anterior de setembro. Jerome Powell destacou a necessidade de cautela diante do alto nível de incertezas, deixando claro que a instituição pode agir de forma prudente no processo de aperto monetário.
Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas Asset, destacou que, embora Powell não tenha descartado um novo aumento nas taxas, a percepção do mercado é que as chances de tal movimento diminuíram consideravelmente. O mercado está reduzindo as expectativas de um aumento em dezembro, encerrando o ciclo de alta de forma mais moderada.
Taxa da T-Note de dez anos em queda
No final do dia, a taxa da T-Note de dez anos estava em 4,76%, em comparação com 4,89% no dia anterior, contribuindo para o cenário positivo das taxas locais. Além disso, o câmbio também teve um impacto positivo, com o dólar fechando em torno de R$ 4,97.
Desafios fiscais e apetite ao risco
Apesar das notícias fiscais negativas recentes, o apetite ao risco global superou as preocupações locais. Desde o discurso do presidente Lula na sexta-feira, a meta de zerar o déficit em 2024 vem enfraquecendo, criando uma sensação de incerteza no mercado.
O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, Danilo Forte, foi convocado para uma reunião no Palácio do Planalto com diversos ministros e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, para discutir uma possível mudança na meta. Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defensor da manutenção da meta, não estava presente, a discussão sobre a meta fiscal permanece em andamento.
Perspectivas para o mercado
A previsão é que o texto do Copom mantenha a indicação de um novo corte de 0,50 ponto na próxima reunião, em dezembro. No entanto, há incertezas sobre as reuniões de 2024 e se haverá sinais de moderação.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels