A Bolsa fechou em forte alta e renovou as máximas com os investidores aprovando o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, mais dovish [suave] e após a elevação dos juros nos Estados Unidos em 0,75 ponto porcentual (pp), dentro do consenso do mercado.
A grande maioria das ações que compõem o Ibovespa subiu. O destaque negativo ficou para as ações da Telefônica Brasil (VIVT3), impactadas pelo balanço do 2T22. O lucro foi de R$ 746 milhões no 2T22, queda de 44,6% na comparação com mesmo período do ano passado. Os papéis perderam 3,21%.
O principal índice da B3 subiu 1,67%, aos 101.437,96 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 1,58%, aos 102.120 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.
José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, disse que o mercado gostou do discurso do Powell, “deixou nas entrelinhas que na próxima reunião pode vir um aumento de 0,50 pp”.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, comentou que o discurso do presidente do banco central norte-americano agradou o mercado e a Bolsa avançou. “Ele [Powell] ressaltou vários pontos [em um tom] mais dovish. A leitura é que a economia já demostrou sinais de desaceleração, apesar de não ter aparecido no mercado de trabalho e nos dados de inflação. A política monetária segue restritiva nos EUA, mas não se sabe até quando deve durar [suave] em algum momento refletindo o cenário de desaceleração cada vez mais claro”.
O estrategista-chefe da Avenue disse que a decisão do Fed em aumentar os juros em 0,75 pp nos EUA “veio totalmente dentro do esperado. Ele mostrou preocupação com a inflação [subiu 9,1% no acumulado em 12 meses encerrado em junho] mesmo reconhecendo que dados de atividades indicaram desaceleração. O Fed continua olhando para o mercado de trabalho, que segue aquecido”.
Mais cedo, Armstrong Hashimoto, sócio e operador de mesa de renda variável da Venice Investimentos, disse que é consenso do mercado de um aumento de 0,75 pp nos juros dos EUA, mas atenções estão voltadas para fala do Jerome Powell para tentar identificar uma sinalização para os próximos encontros.
“Eles ainda não sabem o tamanho desse calibre e estão tentando definir até onde podem ir sem comprometer o crescimento e machucar muito o mercado. Se indicar um tom mais contracionista, o mercado pode ficar mais avesso ao risco e se vier ao contrário seria um alívio para a Bolsa”.
Hashimoto comentou que diferentemente do Brasil, os Estados Unidos têm mais dificuldade de lidar com a inflação.
“É algo novo para eles como já foi apontado pelo banco central [norte-americano] e até as companhias grandes e com experiência, como Walmart [cortou projeções], não têm a facilidade para surfar nesse ambiente de alta de preços. Já por aqui o Carrefour Brasil, varejista, veio com resultado acima das expectativas, o que mostrou que nesse ambiente de inflação elevada a empresa conseguiu controlar mais os custos”.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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