O dólar à vista apresentou movimentações instáveis ao longo do dia, mas encerrou a sessão desta terça-feira (31), com uma queda de 0,11%, cotado a R$ 5,0414. Embora tenha acumulado ganhos de 0,29% ao longo do mês, o valor continua longe dos níveis observados na primeira semana de outubro, quando ultrapassou a marca de R$ 5,15.
Fatores técnicos influenciam a taxa de câmbio
A decisão de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos está à porta, e diversos fatores técnicos influenciaram o comportamento da taxa de câmbio. Entre eles, destaca-se a disputa pela formação da última taxa Ptax de outubro e a rolagem de posições no mercado futuro. Ao longo do dia, a variação chegou a cerca de sete centavos, com o valor mínimo de R$ 5,0090 e o máximo de R$ 5,0705.
Situação fiscal doméstica no radar dos investidores
Investidores mantêm um olhar atento sobre a situação fiscal doméstica, especialmente em meio às negociações entre o governo e o Congresso em Brasília. O objetivo é aprovar projetos que impulsionem a arrecadação. Os analistas apontam que a crescente perspectiva de abandonar a meta de déficit primário zero no curto prazo inibe apostas favoráveis ao real.
De acordo com informações do Broadcast Político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou hoje, durante uma reunião no Palácio do Planalto com ministros e líderes de bancadas na Câmara, que não planeja contingenciar despesas em 2024. Ele reforçou a possibilidade de alterar a meta fiscal, como já havia mencionado em declarações aos jornalistas na sexta-feira (27).
Ministro da Fazenda evita falar sobre o assunto
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que demonstrou irritação ontem diante de questionamentos sobre a possível mudança na meta fiscal, evitou o assunto hoje em sua fala anterior ao encontro com Lula. Em Brasília, é considerado certo que a meta será alterada para um déficit em torno de 0,50% do PIB no próximo ano.
Impacto nos mercados
Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, as declarações de Lula na sexta-feira, indicando a possibilidade de abandonar a meta de déficit zero, e os comentários de Haddad ontem “foram muito ruins”. A expectativa era de que o governo mantivesse a meta por mais tempo. Lima ressalta que o governo não pretende contingenciar gastos e que, se as medidas tributárias não forem aprovadas, a meta será alterada. Ele destaca que a meta deve ser modificada, uma vez que as medidas para aumentar a arrecadação são difíceis de aprovar e podem ser alteradas no Congresso.
Câmbio vs. Juros Futuros
Apesar do recente aumento do dólar, a pressão sobre a taxa de câmbio devido aos problemas fiscais têm sido moderada em comparação com o comportamento dos juros futuros. O real ainda é sustentado por preços de termos de trocas favoráveis, que geram saldos comerciais robustos, e pelas taxas de juros elevadas.
O economista-chefe da Western Asset ressalta a importância do Banco Central em manter as expectativas sob controle. A taxa de juros pode cair menos do que o esperado devido às questões fiscais. Por enquanto, a expectativa é de que o Comitê de Política Monetária mantenha a sinalização de cortes de 0,50 ponto percentual na taxa Selic em sua decisão, que será anunciada amanhã.
Cenário internacional e impacto no mercado
No cenário internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a outras moedas, avançou mais de 0,50% e encerrou o dia em torno dos 106.650 pontos. Nos Estados Unidos, os preços das casas em agosto atingiram um novo recorde. O dólar registrou ganhos frente ao euro, após o PIB do terceiro trimestre e a inflação ao consumidor na zona do euro ficarem aquém das expectativas, alimentando a perspectiva de recessão na região. O iene apresentou perdas superiores a 1,5% após o Banco do Japão manter as taxas inalteradas.
Com informações do Broadcast
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