A Bolsa fechou em alta alimentada com a perspectiva de um cenário fiscal mais favorável diante da expectativa de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição “desidratada” nesta terça-feira, com redução de prazo para um ano, de dois anos aprovado no Senado. O valor da proposta também deve ser reduzido. A expectativa é que a votação ocorra ainda hoje no Plenário da Câmara.
O principal índice da B3 subiu 2,02%, aos 106.864,11 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 2,40%, aos 109.240 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.
A Bolsa brasileira iniciou o pregão com tendência negativa antes da abertura dos negócios, acompanhando o exterior, e passou a apresentar firme alta, repetindo o movimento de segunda-feira, especialmente com o rali de ativos ligados ao mercado doméstico. Esse movimento foi impulsionado pela queda dos juros e do dólar.
O movimento ganhou força no meio do dia com a redução do prazo de ampliação do teto de gastos previsto na PEC para um ano e valorizou as ações de quase todos os setores. Na máxima do dia, o Ibovespa chegou aos 107.792,12 pontos.
No fechamento, os destaques de altas ficaram para Gol (+11%), Via (+11%), Natura (+8,59%), Magazine Luiza (+8%) e Azul (+7,58%).
As únicas quedas foram de Fleury (-3,28%), Qualicorp (-3%), Marfrig (-1,58%), Suzano (-0,59%), Ambev (-0,41%). Ecorodovias fechou estável.
Entre as ações de maior peso na Bolsa, a Vale fechou em alta de 0,44%, enquanto Petrobras subiu 2,42%, e 3,08% em PETR3 e PETR4.
Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, avalia que a alta da Bolsa refletia a articulação do futuro ministro da Economia Fernando Haddad com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) para a aprovação da PEC, “com mais razão e bom senso”, na sua opinião.
“O prazo da PEC da Transição caiu para um ano, então, ela possivelmente será aprovada de forma desidratada. Isso anima o mercado, pois reflete na queda da curva de juros e do dólar, o que facilita crédito, e favorece papéis de varejistas, tecnologia, aviação”, comenta o analista.
O analista da Genial Investimentos Filipe Villegas disse quemovimento de alta visto no pregão de ontem refletiu uma busca de recuperação dos ativos após sucessivas quedas e uma previsão mais otimista do mercado em relação ao gasto público, para R$ 100 bilhões em 2023, de R$ 200 bilhões anterior.
“O mercado precificou que se houver algum gasto extra-teto estará relacionado ao Bolsa Família, após a ação de Gilmar Mendes, do STF, no último domingo, com R$ 100 bilhões para 2023, uma queda bastante significativa em relação aos cerca de R$ 200 bilhões de gastos pelos próximos quatro anos, estimados pelo mercado financeiro no início do governo eleito, em meados de novembro”, comentou Villegas.
O analista da Genial também apontou que o movimento do banco central do Japão, que surpreendeu os mercados globais nesta terça-feira ao ajustar seus controles de rendimento de títulos para permitir que as taxas de juros de longo prazo subam mais, gerou valorização do iene ante o dólar e impactou na valorização das commodities na manhã desta terça-feira.
Para aliviar alguns dos custos do estímulo monetário prolongado, o BoJ elevou o limite dos títulos do governo de 10 anos de 0,25 ponto percentual (pp) para 0,50 pp.Esse movimento levou os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharem a sessão em campo positivo e gerou uma elevação das commodities metálicas na manhã desta terça-feira. Já a queda de mais 3% do minério de ferro refletia a manutenção das taxas de empréstimos de referência pelos bancos chineses e dados de atividade de siderurgia.
Cynara Escobar / Agência CMA
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