Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander Brasil, enfatiza que para estabilizar a dívida pública, o Brasil deve não apenas eliminar o déficit fiscal, mas também alcançar um superávit de pelo menos 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
O déficit fiscal projetado para este ano está em torno de 1% do PIB. “Não é suficiente estabilizar o déficit; é preciso atingir um superávit de 1% do PIB”, disse Ana Paula Vescovi durante um evento paralelo à conferência mundial do Santander.
Ela ressaltou que a principal vulnerabilidade do Brasil é a situação fiscal. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o governo não conseguirá zerar o déficit em 2024.
Apesar das preocupações fiscais, a economia do Brasil apresenta melhorias notáveis. “Fomos surpreendidos por um crescimento econômico mais favorável, que deve se situar entre 2,5% e 3% este ano”, declarou a economista. Uma das razões para isso é a excepcional safra agrícola, especialmente no setor de soja. O PIB agrícola deve registrar um crescimento de 13,5% este ano, de acordo com o Santander.
Embora 2023 prometa um crescimento robusto, as expectativas para 2024 indicam um período de ajustes. A alta na inadimplência das famílias está diminuindo, e a inflação deve manter uma trajetória benigna, com o IPCA chegando a 3,8% no final de 2024. Portanto, o Banco Central continuará reduzindo as taxas de juros, podendo atingir 9,5% até o final do próximo ano, dependendo também das ações do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
“Eu diria que uma situação externa como poucos países têm hoje”, disse Ana Paula, reforçando que o superávit comercial pode superar US$ 85 bilhões, o que permite cobrir os déficits da conta corrente, além de receber entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões em investimento externo direto. “O Brasil tem uma situação externa sólida, mas uma posição fiscal frágil”.
Para o ano de 2024, a economista prevê uma notícia positiva, com a safra agrícola mantendo sua trajetória de crescimento e uma recuperação esperada na pecuária. Além disso, ela ressaltou que o Brasil está bem posicionado em termos de transição energética.
Imagem: Unsplash