A Bolsa fechou em queda em um dia de volatilidade e com investidores atentos ao tom que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) deve adotar para a próxima reunião de política monetária, nos dias 26 e 27, diante da inflação alta divulgada nesta quarta-feira.
Entre os analistas existem expectativas de uma elevação de 0,75 ponto porcentual (pp) e 1 pp.
O índice de preços ao consumidor, nos Estados Unidos, subiu 1,3% em junho na comparação com maio e o mercado previa (+1,1%). Em base anual, a inflação subiu 9,1% e os analistas previam 8,8%.
Mais cedo foi divulgado o Livro Bege- relatório do Fed sobre as condições econômicas das 12 principais regiões do país em que se estima uma piora no crescimento da economia e um temor à recessão.
Por aqui, foi aprovado em primeiro turno a PEC dos benefícios sociais- amplia o Auxílio-Brasil e vale-gás e cria o voucher-caminhoneiros- com custo alto. O texto ainda precisa ser votado em segundo turno para ser promulgado.
O destaque de alta ficou para a Ambev (ABEV3) com a revisão do preço-alvo da ação por casas de análise.
O principal índice da B3 caiu 0,39%, aos 97.881,16 pontos. O Ibovespa futuro perdeu 0,75%, aos 98.835 pontos. O volume financeiro foi de R$ 35,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que o fechamento está refletindo a preocupação no controle da inflação pelo Fed e “possível alta de 1 ponto porcentual na taxa de juros”. Existe um movimento de fuga de investidores de renda variável, o que mostra a baixa liquidez.
O especialista da Valor Investimentos também comentou que o mercado fica atentos às questões políticas por aqui “com a proximidade das eleições e a votação da PEC dos benefícios, uma medida populista que impacta o teto de gastos”.
Mais cedo, Fabrizio Velloni, economista chefe da Frente Corretora, disse que apesar de o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos ter vindo ruim, saiu dentro da expectativa do mercado “porque entende-se que já atingiu o pico da inflação”.
Velloni explicou que a economia norte-americana continua em crescimento, é alavancada em crédito e mais sensível a juros, diferente da brasileira. “O grande ponto do Fed é não acelerar a taxa de juros para gerar um problema de recessão”.
O economista da Frente Corretora disse que o Fed deveria subir apenas 0,50 ponto porcentual (pp) na próxima reunião porque “as exportações da China em junho mantiveram estagnadas e os Estados Unidos estão tentando quebrar mais barreiras com o país asiático para diminuir o custo deles, e tudo isso vai aparecer no médio e longo prazo recessivo e quando tiver toda essa oferta novamente, não vai ter demanda”.
Mas acredita que o “o Fed vai aumentar 0,75pp a taxa de juros para a próxima reunião.
Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável da Galapagos Capital, disse que o mercado reagiu negativamente após o resultado do índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI, sigla em inglês) e reforçou que “com o número mais alto de inflação acaba apoiando uma mais forte dos juros nos Estados Unidos, a expectativa do mercado é de uma elevação de 0,75 ponto porcentual (pp) na taxa de juros para a reunião deste mês”
Silva lembrou que o UBS tinha reconsiderado o número da inflação “com previsão de +1,2% na comparação mensal, e o dado veio mais forte que a expectativa deles”.
Para José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, apesar de o índice de preços ao consumidor norte-americano ter vindo alto, “não teve surpresa, o mercado já precificou porque na segunda-feira a porta-voz da Casa Branca já havia sinalizado que estava preocupada que a inflação seria elevada por conta do preço da energia, principalmente petróleo”.
E Gonçalves reiterou que o Fed deve aumentar os juros para a próxima reunião em 0,75 ponto porcentual (pp).
Soraia Budaibes / Agência CMA
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