O Ibovespa registrou perdas acentuadas durante a tarde, acompanhando o declínio nos principais índices de ações de Nova York, que recuaram até 2,43% (Nasdaq) no fechamento, em resposta a um novo aumento nos rendimentos dos Treasuries, especialmente os de longo prazo, com vencimento em 10 e 30 anos. A B3 não escapou do sentimento de aversão ao risco, renovando suas mínimas durante a tarde. Ao fechar o dia, o Ibovespa apresentou uma queda de 0,82%, encerrando em 112.829,97 pontos, quase revertendo o ganho de 0,87% do dia anterior, que havia seguido cinco sessões consecutivas de baixa.
O índice da B3 oscilou entre 112.680,27 e 114.318,65 ao longo do dia, partindo da abertura em 113.761,90 pontos. O volume financeiro negociado alcançou R$ 19,8 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa inverteu o desempenho positivo para negativo, com uma queda de 0,29%, elevando as perdas acumuladas no mês para 3,20%. No acumulado do ano, o índice mantém um ganho de 2,82%.
Influência dos rendimentos dos treasuries
A especialista da Blue3 Investimentos, Bruna Centeno, explicou: “O Ibovespa seguiu passivamente o que aconteceu no exterior hoje, com os juros futuros também subindo por aqui.” Essa alta dos juros impactou setores relacionados à demanda e preços no exterior, como o setor metálico (Vale ON -0,09%, Gerdau PN -0,37%, CSN ON -0,81%), e também afetou segmentos relacionados à economia doméstica, como o varejo (Casas Bahia -5,88%) e alimentos (Pão de Açúcar -6,02%), além do setor financeiro (Bradesco ON -0,64%, PN -0,28%), que tem grande peso no índice.
Cenário internacional e o Federal Reserve
Na agenda internacional, o destaque foi o aumento nas vendas de imóveis residenciais nos Estados Unidos em setembro, que superou as expectativas. Isso reforçou a percepção de que a economia dos EUA continua robusta, alimentando preocupações de que o Federal Reserve manterá sua postura de política monetária restritiva.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, explicou: “Esses dados fizeram subir os rendimentos dos Treasuries, impactando negativamente todos os mercados, especialmente as ações de empresas altamente correlacionadas com as taxas de juros.”
Preocupações no cenário financeiro
Bernard Faust, sócio da One Investimentos, acrescentou: “O mercado vem experimentando um período de ‘sell off’ global há várias semanas e está procurando notícias positivas para uma reação. A temporada de balanços corporativos nos EUA tem sido, em geral positiva. No entanto, há muitas preocupações no cenário, incluindo a situação fiscal dos EUA, que está afetando as taxas de juros.”
Balanços corporativos no Brasil
A temporada de balanços do terceiro trimestre começou no Brasil, com o Santander Brasil divulgando resultados acima das expectativas. José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, destacou que o banco está começando a ver uma redução na inadimplência, o que é um sinal positivo. “À medida que o banco conseguir estabilizar a inadimplência, a carteira de crédito deve retomar o crescimento.”
Desempenho de ações no mercado brasileiro
No cenário acionário da B3, apenas Petrobras (ON +0,28%, PN +0,53%), Itaú (PN +0,19%) e Banco do Brasil (ON +0,02%) fecharam em leve alta, impulsionados pelo forte aumento no preço do petróleo, que atingiu cerca de US$ 90 por barril devido a preocupações com o Oriente Médio. Enquanto isso, a Unit do Santander Brasil encerrou em baixa de 1,75%, no ponto mais baixo da sessão.
Entre as maiores quedas do Ibovespa, destacaram-se Casas Bahia, Pão de Açúcar, Weg, Rede D´Or e Hapvida, enquanto Magazine Luiza, Gol e Ultrapar apresentaram ganhos. O desempenho negativo da Weg foi influenciado pelos resultados trimestrais divulgados nesta quarta-feira, que ficaram aquém das expectativas.
Fonte: Broadcast
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