O endividamento das famílias brasileiras aumentou pelo terceiro mês consecutivo e atingiu 77,6% em abril, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
Esse é o maior patamar desde agosto de 2024, embora ainda abaixo dos 78,5% registrados em abril do ano passado, segundo a pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
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Projeções para 2025
De acordo com a CNC, o endividamento deve continuar crescendo em 2025, com projeção de alta de 2,4 pontos percentuais. A inadimplência também pode subir, embora em ritmo mais lento, com avanço de 0,5 ponto percentual.
A entidade alerta que programas governamentais de estímulo ao crédito podem pressionar ainda mais o nível de endividamento das famílias. Esse cenário exige atenção de investidores, especialmente no varejo, no setor de crédito e em empresas que dependem do consumo das famílias.
Endividamento percebido melhora, mas inadimplência avança
Apesar do crescimento no número total de endividados, houve uma melhora na percepção das famílias sobre o nível das dívidas. O percentual de pessoas que se consideram “muito endividadas” caiu de 16% em março para 15,4% em abril. Já a fatia de consumidores que se classificam como “pouco endividados” subiu de 30,4% para 32,4%.
Segundo a CNC, essas classificações são subjetivas e refletem a percepção individual de cada consumidor sobre sua situação financeira.
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Em abril, diferentemente de março, o avanço do endividamento veio acompanhado de aumento na inadimplência — quando o consumidor atrasa o pagamento das dívidas. O percentual de famílias inadimplentes subiu para 29,1%, o mesmo patamar de janeiro e superior ao de abril de 2024.
Além disso, o número de famílias que não conseguirão pagar suas dívidas em atraso subiu para 12,4%, interrompendo três meses seguidos de queda.
Dívidas duram menos, mas são mais concentradas
Outro ponto observado pela pesquisa foi a redução no tempo de comprometimento com dívidas. O percentual de famílias com dívidas acima de um ano caiu pelo quarto mês consecutivo, para 33,4% — o menor desde junho de 2024. Ao mesmo tempo, aumentou o número de famílias com dívidas de curto e médio prazos, entre três meses e um ano.
Já a parcela de inadimplentes com dívidas vencidas há mais de 90 dias ficou estável em 47,6%. No entanto, cresceu o número de dívidas com atrasos entre 30 e 90 dias, indicando aumento de dívidas recentes.
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Comprometimento da renda sobe para 30%
Mesmo com a queda na quantidade de famílias com mais da metade da renda comprometida (que passou de 21,7% para 20,5%), o percentual médio de comprometimento da renda total aumentou para 30%.
Mais da metade dos consumidores (55,4%) afirmam ter entre 11% e 50% da renda comprometida com dívidas.
Endividamento atinge todas as faixas de renda
O aumento do endividamento foi observado em todas as faixas de renda, mas foi mais intenso entre famílias que recebem de 5 a 10 salários mínimos. Homens apresentaram aumento de 0,7 ponto percentual no endividamento, acima do registrado entre mulheres.