O dólar comercial fechou cotado a R$ 5,3230, com alta de 1,72%. A moeda norte-americana foi impulsionada pela forte aversão global ao risco e o cenário doméstico de descontrole fiscal, com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do estado de emergência. Na semana, a moeda teve valorização de 1,35%.
Segundo o sócio da Ethimos Investimentos, Lucas Brigato, “o cenário interno é o principal temor do investidor, ao menos em curto prazo. À medida que isso aumentar, o dólar pode chegar em R$ 5,40, R$ 5,50”.Brigato acredita que o cenário de descontrole inflacionário pode fazer com que o Banco Central (BC) mude de estratégia: “Já existem projeções de Selic (taxa básica de juros) a 18%, e isso gera muitas incertezas”, avalia.
De acordo com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “o dólar está ganhando de todas as emergentes. A tendência é de recessão, já que demoraram demais para tomar uma decisão, a maioria dos bancos centrais das economias desenvolvidas. Isso é péssimo”.
Vieira entende que o governo irá tentar aprovar a PEC de “qualquer jeito”, e o que o fator fiscal agrava a situação do real.
Para a economista do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “o mercado permanece com tom de cautela por conta da preocupação com a possível recessão global”. A economista entende que o desemprego no Japão, que foi a 2,6% maio ante 2,5% em abril, adiciona mais um ingrediente neste caldo.
Já no cenário doméstico, a situação de tensão fiscal permanece inalterada: “Isso continua sendo o principal motivo de pressão na nossa moeda”, analisa Quartaroli. O Senado concluiu, ontem, a votação da PEC que ainda terá de ser votada pela Câmara dos Deputados.
Paulo Holland / Agência CMA
Imagem: piqsels.com
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