Os juros futuros encerraram o pregão em baixa, revertendo três dias de altas, impulsionados por fatores tanto internos quanto externos. As taxas recuaram em consonância com a redução dos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos, juntamente com a desvalorização do dólar e dos preços do petróleo.
Além disso, o anúncio de queda nos preços da gasolina e o desempenho fraco do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de agosto contribuíram para esse movimento. No entanto, vale notar que a correção foi moderada, considerando as fortes altas observadas ao longo da semana anterior.
Taxas dos contratos de DI e variação na semana
No fechamento do mercado, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou com uma taxa de 11,075%, ante 11,175% no dia anterior, enquanto o DI para janeiro de 2026 registrou uma queda de 11,15% para 11,03%. Para janeiro de 2027, a taxa foi projetada em 11,21% (11,33% no dia anterior), e para janeiro de 2029, a taxa ficou em 11,64% (11,71% no dia anterior). Ao longo da semana, os prazos de curto prazo avançaram cerca de 8 pontos base, enquanto os prazos intermediários e longos subiram cerca de 20 pontos base.
Investidores buscam aproveitar prêmios na curva de juros
Investidores vinham tentando aproveitar os prêmios embutidos na curva de juros nos últimos dias, mas estavam sendo impactados pelo aumento nas taxas dos Treasuries dos EUA. Hoje, a busca por esses prêmios se tornou mais viável devido à pausa na tendência de alta das taxas. As taxas dos títulos do Tesouro dos EUA, particularmente a T-Note de dez anos, que chegaram a flertar com 5%, recuaram para 4,92% no final do dia. Apesar de ainda ser um nível elevado, esse recuo trouxe alívio para as taxas locais.
Desafios nos mercados financeiros internacionais
Nos mercados internacionais, houve um movimento de correção nos Treasuries e certa aversão ao risco devido às preocupações geopolíticas relacionadas ao conflito Israel-Hamas e aos possíveis efeitos disso na economia dos EUA, em um cenário de política monetária de “taxas mais altas por mais tempo” pelo Federal Reserve. Além disso, os preços do petróleo também registraram quedas, em parte devido a ajustes técnicos após ganhos anteriores na semana e ao anúncio do governo dos EUA de recompor seus estoques estratégicos de petróleo.
Notícias domésticas impactam taxas locais
Eventos domésticos tiveram influência sobre as taxas locais. O anúncio de redução de 4% nos preços da gasolina a partir de amanhã e o desempenho abaixo das expectativas do IBC-Br endossam a visão de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pode continuar cortando a taxa Selic em 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões, em um momento em que as apostas de desaceleração do ritmo de corte vinham ganhando força.
Desafios e expectativas futuras
A decisão da Petrobras de reduzir os preços da gasolina, baseada na defasagem dos preços domésticos, surpreendeu o mercado em relação ao timing. Há incertezas sobre a sustentabilidade desse movimento, uma vez que os preços do petróleo podem voltar a subir rapidamente, dependendo dos desdobramentos no Oriente Médio, o que teria impacto na inflação dos EUA e na política do Federal Reserve. Isso representa um risco a ser acompanhado de perto pelos investidores.
Expectativa de inflação no Brasil e desempenho da economia
No entanto, o reajuste para baixo nos preços da gasolina aumenta a expectativa de que a inflação medida pelo IPCA se mantenha dentro da meta para este ano. Pesquisas indicam que a mediana das projeções para o índice caiu pela primeira vez abaixo de 4,75%, o limite superior da meta de inflação. Além disso, o desempenho fraco do IBC-Br em agosto, com uma queda de 0,77%, reforça a perspectiva de uma economia mais fraca no terceiro trimestre.
Fonte: Broadcast
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