O número de finfluencers, influenciadores digitais que produzem conteúdo sobre finanças e investimentos, no Brasil cresceu quase 40% em um ano e chegou a 741 perfis no segundo semestre de 2024.
Os dados foram revelados na 8ª edição do estudo “Finfluence – quem fala de investimentos nas redes sociais”, da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em parceria com o IBPAD (Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados).
A segunda metade do ano passado foi um marco para o ecossistema de influenciadores financeiros no Brasil — com o engajamento médio das publicações batendo recorde e alcançando 2.965 interações por postagem, representando alta de 21% em seis meses e de 216,4% desde o início do monitoramento, em setembro de 2020.
O volume de postagens nas quatro principais redes sociais — Facebook, Instagram, YouTube e X (antigo Twitter) — atingiu 394.558 publicações, alta de 18% em relação ao semestre anterior, segundo dados do relatório Finfluence.
Esse crescimento foi impulsionado por três fatores principais: o aumento no número de influenciadores monitorados, a entrada de novos perfis especializados e o maior protagonismo das empresas na produção de conteúdo.
No total, o número de finfluencers ativos subiu 30%, chegando a 741 — 170 nomes a mais do que no primeiro semestre.
Renda fixa lidera engajamento dos finfluencers
Apesar de ações e criptomoedas liderarem em número de menções, os produtos de menor risco dominaram em engajamento. A renda fixa teve média de 8.490 interações por post, um salto de 117,9%, superando até mesmo os fundos imobiliários (9.300) e fundos de investimento (12.513).
Já as ações tiveram 78.788 menções e engajamento médio de 4.196 (+101,8%), enquanto as criptomoedas, com 59.037 menções, registraram 3.200 interações médias (+28,8%), ficando em último lugar entre os dez produtos mais discutidos.
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Canais de finfluencers no YouTube lideram
Pelo quarto semestre consecutivo, o YouTube liderou em engajamento: 10.816 interações por vídeo (+19,9%). A preferência por vídeos, que facilitam o entendimento de temas financeiros, explica o desempenho.
O número de influenciadores na plataforma cresceu 32,5% (de 412 para 546) e o total de publicações subiu 32,4%, para 74.261. A base de usuários no Brasil saltou de 75 milhões em 2023 para 144 milhões em 2024.
Entre os perfis de pessoa física, o YouTube registrou 9.912 interações por post — 180% acima da média geral.
Audiência e engajamento seguem em alta
O público total alcançado pelos finfluencers somou 263,5 milhões de seguidores (soma não exclusiva).
Já o engajamento médio por publicação atingiu o recorde de 2.965 interações, alta de 21% sobre o semestre anterior e 216,4% maior em relação à primeira edição do levantamento Finfluence, em 2021.
Os perfis monitorados passaram de 1.338 para 1.662, revelando um avanço de 24%. Esse crescimento, no entanto, foi menor do que o menor do que o número de influenciadores, indicando que muitos ainda não estão presentes em todas as plataformas.
O Instagram manteve um ritmo ascendente: 601 influenciadores (+26,3%), 24,4% de participação nas postagens e engajamento médio de 2.130 interações (+15,8%).
Entre pessoas físicas, o engajamento chegou a 2.498. A plataforma representa 36,2% dos perfis monitorados, ao lado do YouTube.
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Temas mais abordados pelos finfluencers
Entre os 741 influenciadores analisados, 718 abordaram algum tipo de produto financeiro. Os temas mais citados foram: ações, criptomoedas, câmbio, fundos imobiliários (FIIs), produtos de renda fixa (como CDBs, LCIs, LCAs e títulos do Tesouro Direto), fundos de investimento, ouro, poupança e previdência privada.
Já os temas com maior engajamento foram: renda fixa, FIIs, fundos de investimento, ouro, poupança, casas de aposta*, ações, câmbio, commodities e criptomoedas.
As menções a apostas esportivas caíram 22%, e o número de influenciadores que tratam do tema recuou 31,5%.
A queda se deu por maior regulamentação, campanhas de conscientização e críticas ao setor. Ainda assim, o engajamento médio ficou em 5.300 interações por post, com destaque para o público de pessoas físicas (9.880 interações).
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O pacote fiscal foi um dos temas mais discutidos do semestre, com 7.218 menções feitas por 379 influenciadores. As publicações renderam, em média, 5.385 interações. Influenciadores pessoa física tiveram engajamento médio de 9.343 por post, contra 1.647 das empresas.
No YouTube, a diferença foi ainda maior: 26.209 interações por vídeo de pessoas físicas, contra 7.506 das jurídicas.
A maioria dos posts (69,8%) teve caráter informativo, enquanto 26,4% foram críticos e 3,8% favoráveis ao pacote. A rede X concentrou 51,3% das postagens contrárias.
Impacto da suspensão pelo governo no X
O X sofreu com os efeitos da suspensão determinada pelo STF entre 30 de agosto e início de outubro de 2024. No semestre, a rede teve queda de 3,4% nas postagens, de 3,6% no engajamento e perdeu 8,2 pontos percentuais na participação entre todas as postagens.
Ainda assim, concentrou 37,2% das publicações monitoradas e ganhou 45 novos influenciadores (de 262 para 307).
Entre perfis pessoa física, o X representou 42% das postagens, mas viu o engajamento médio cair 14,4%, para 1.652.
Facebook teve o menor engajamento
O Facebook teve alta de 51,2% nas postagens, devido a republicações automáticas do Instagram, além de 7,2% mais influenciadores e 6,5% de aumento na audiência.
Porém, o engajamento médio caiu 22,2%. Entre perfis pessoa física, o engajamento subiu 64,1%, mas ficou em apenas 64 interações por post — a menor taxa entre todas as plataformas.
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Influenciadores pessoas físicas têm menos alcance
Os influenciadores pessoa física aumentaram 30,6%, chegando a 576 perfis. Apesar disso, o alcance médio caiu 10,4% e a produção de conteúdo por influenciador recuou 9,1%.
O engajamento médio cresceu 15%, com destaque para os homens (+19,1%). Já o engajamento das mulheres caiu 18,3%.
Empresas em alta e consolidação de marcas
As empresas também ganharam relevância. O engajamento médio corporativo subiu 34,4%, passando para 2.234 interações por post.
Em relação ao segundo semestre de 2023, o salto foi de mais de 390%. A base de finfluencers empresariais passou de 130 para 165 (+26,9%).
As empresas tiveram o seguinte desempenho por rede: YouTube: 12.411 interações por post; Instagram: 1.505; X: 171 e Facebook: 11.
O número médio de seguidores por perfil corporativo caiu de 520 mil para 477,4 mil, impactado pela concorrência crescente e pela suspensão do X.
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Rankings: destaque para Economista Sincero, InfoMoney e IstoÉ Dinheiro
O Economista Sincero retomou a liderança entre pessoas físicas, aparecendo entre os cinco maiores em Facebook, X e YouTube.
Entre as empresas, InfoMoney e Valor Econômico mantêm a liderança, agora com a IstoÉ Dinheiro completando o top 3. No total, 80% dos influenciadores que aparecem nos rankings já tinham sido citados em edições anteriores.
Estreantes no Top 10:
- Empresas: IstoÉ Dinheiro e Bloomberg Línea BR;
- Pessoas físicas: Renato Breia e Thiago Godoy
Entre os 741 influenciadores, 718 falaram sobre produtos financeiros, com alta de 13,6% nas menções e aumento de 30% no engajamento.
A maioria dos influenciadores (77,8%) são pessoas físicas, enquanto empresas representam penas 22,2%, mas com forte avanço de 34,4% no engajamento médio corporativo.
*Apesar de as casas de aposta não serem produtos financeiros, foram incluídas na análise por aparecerem nos conteúdos dos influenciadores.
