O dólar fechou esta terça-feira (24) em alta de 0,29% frente ao real, a R$ 5,52. A moeda americana se valorizou mesmo com movimento contrário no exterior, onde o dólar recuou frente a outras moedas, refletindo maior apetite ao risco com a redução das tensões no Oriente Médio.
Segundo operadores, a valorização do dólar no Brasil foi impulsionada por fatores técnicos. Houve fluxo pontual de saída de recursos e recomposição de posições defensivas por parte de investidores.
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A queda superior a 5% nos preços do petróleo também impactou negativamente o real. Apesar disso, outras moedas emergentes ligadas à commodity tiveram desempenho positivo no dia — com exceção da coroa norueguesa, que também recuou.
Banco Central intervém no mercado
Na noite anterior, o Banco Central (BC) anunciou uma intervenção dupla no mercado de câmbio, programada para esta quarta-feira (25). A autoridade monetária realizará um leilão de venda de US$ 1 bilhão no mercado à vista (spot) e ofertará 20 mil contratos de swap cambial reverso — instrumentos que equivalem à compra de dólar no mercado futuro.
Em entrevista ao Estadão Broadcast, Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, disse que a medida busca conter distorções no cupom cambial — indicador que reflete a taxa de juros em dólar no Brasil.
A redução dessas distorções pode favorecer operações conhecidas como carry trade, em que investidores tomam empréstimos em países com juros baixos para aplicar em mercados com juros mais altos, como o Brasil.
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Real ainda lidera entre emergentes
Mesmo com a alta do dólar no dia, o real segue com o melhor desempenho entre as moedas latino-americanas em 2025, acumulando valorização de quase 11% frente ao dólar. O diferencial de juros entre Brasil e exterior continua sendo um fator de atração de capital estrangeiro, beneficiando o real.
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã, reforçou esse cenário. O documento confirmou o fim do ciclo de alta da Selic, que foi elevada de 14,75% para 15%, e sinalizou manutenção da taxa em nível elevado por um período prolongado — condição que sustenta a atratividade do carry trade.
No exterior, dólar recua
No mercado internacional, o dólar se desvalorizou diante de moedas fortes e emergentes. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas principais, caiu abaixo dos 98.000 pontos, atingindo mínima de 97,707 — acumulando queda de mais de 1,5% na semana.
Além da redução das tensões no Oriente Médio, com o anúncio de cessar-fogo entre Irã e Israel, a moeda americana foi pressionada pela expectativa crescente de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed).
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Apesar de dois dirigentes do Fed terem sinalizado disposição para iniciar um ciclo de afrouxamento monetário, o presidente do BC dos EUA, Jerome Powell, adotou tom mais cauteloso em depoimento ao Congresso.
Ele afirmou que a maioria significativa dos dirigentes acredita ser possível reduzir os juros ainda em 2025, mas reforçou a necessidade de aguardar novos dados.