Julho chegou, e com a queda das temperaturas, nosso paladar se volta para pratos que aquecem o corpo e a alma. Fondues, sopas cremosas e uma boa taça de vinho se tornam protagonistas em nossas mesas. No entanto, você já parou para pensar se essa busca por conforto sazonal tem um custo extra? A resposta é sim, mas de formas diferentes para cada prato.
Analisamos a variação de preços dos ingredientes clássicos do inverno para entender o que é mito e o que é verdade na “inflação do frio”. Com base em dados de mercado e relatórios de preços de meados de 2025, descobrimos que enquanto alguns itens sofrem com a alta da demanda, outros, impulsionados pela safra, podem na verdade ficar mais baratos. Este guia te ajudará a navegar pelo supermercado e a fazer escolhas mais inteligentes para o seu bolso.
Fondue: o luxo de inverno fica mais caro com a queda das temperaturas?

O fondue é o prato que melhor simboliza o aconchego do inverno, mas essa experiência tem um custo elevado. Seus ingredientes principais, os queijos Emmental e Gruyère, são produtos de alto valor agregado, com o quilo podendo facilmente ultrapassar os R$ 120,00. Por serem importados ou de produção especializada no Brasil, seus preços são sensíveis à variação do dólar e, principalmente, à lei da oferta e da demanda.
No inverno, a procura por esses queijos dispara. Os varejistas, cientes desse comportamento, raramente colocam esses itens em promoção durante a alta temporada. Pelo contrário, a demanda aquecida sustenta os preços em patamares elevados. O mesmo ocorre com os chocolates de boa qualidade para o fondue doce. Portanto, a percepção de que o fondue é um prato caro é real, e a estação fria tende a confirmar ou até mesmo a intensificar essa realidade.
Sopas cremosas: os ingredientes básicos entram na dança da inflação?
Aqui temos a melhor notícia para o seu orçamento. Diferente do fondue, os ingredientes que são a base das sopas cremosas mais amadas, como a de mandioquinha (batata-baroa) e a de abóbora, estão em plena safra de inverno. Dados da CEAGESP e da CONAB mostram que, em julho, a oferta desses legumes aumenta, o que pressiona seus preços para baixo.
De acordo com o IPCA-15 de junho de 2025, o grupo “Alimentação e bebidas” registrou uma leve queda, a primeira em nove meses, puxada por itens de hortifrúti. Portanto, preparar uma sopa cremosa em casa se torna uma das opções de refeição mais econômicas e nutritivas da estação. O único item que pode ter uma leve alta é o creme de leite, devido à maior procura, mas o custo total do prato ainda é extremamente vantajoso.
Uma taça de vinho para aquecer: o preço da bebida também sobe?
O consumo de vinhos tintos cresce exponencialmente durante o inverno. As vinícolas e importadoras se preparam para esse aumento na demanda, e isso se reflete nos preços. Dados de 2025 já apontavam para um reajuste de até 10% no preço dos vinhos nacionais no primeiro semestre, devido ao aumento de custos de produção e à inflação acumulada.
Com a chegada do frio, é improvável encontrar grandes liquidações dos rótulos mais procurados. A tendência é que os preços se mantenham firmes ou até sofram pequenos aumentos nos pontos de venda. Beber vinho no inverno é delicioso, mas é um hábito que provavelmente pesará um pouco mais no seu planejamento financeiro durante a estação.
O que está por trás dessa variação de preços?
A “inflação de inverno” é um fenômeno movido por dois fatores principais que atuam em direções opostas. De um lado, temos a demanda sazonal por produtos associados ao frio e ao conforto (fondue, vinhos, chocolates quentes). Como a oferta desses itens não necessariamente aumenta na mesma proporção, os preços tendem a subir ou a se manter elevados.
Do outro lado, temos o fator safra. Muitos dos vegetais mais nutritivos e que são base para caldos e sopas (abóbora, mandioquinha, batata-doce, cenoura) têm seu pico de colheita no outono/inverno. O aumento da oferta desses produtos no mercado faz com que seus preços caiam, tornando-os as estrelas do custo-benefício da estação.
Como saborear os pratos de inverno sem deixar o orçamento congelar?
É perfeitamente possível aproveitar as delícias do inverno sem estourar o orçamento. A chave está em fazer escolhas estratégicas e planejar suas compras.
- Priorize as sopas: Faça das sopas e caldos os pratos principais da sua semana. Use e abuse dos legumes da estação, que estão mais baratos e nutritivos.
- Crie um “fondue brasileiro”: Em vez dos caros queijos suíços, experimente fazer um creme de queijos com opções nacionais mais em conta, como queijo prato, mussarela e um toque de parmesão ou provolone para dar sabor.
- Compre vinhos com antecedência: Se você é um apreciador de vinhos, uma boa dica é estocar alguns rótulos antes da chegada do inverno, aproveitando promoções de outras épocas do ano.
- Faça em casa: Evite as sopas prontas de saquinho ou congeladas. O custo para fazer uma versão fresca em casa é muito menor e o resultado, incomparavelmente mais saboroso e saudável.
Esta análise de preços é definitiva?
Não. É importante lembrar que os preços dos alimentos são voláteis e podem variar significativamente dependendo da sua cidade, do supermercado escolhido e de fatores climáticos inesperados que podem afetar as safras.
Os dados apresentados neste artigo servem como uma fotografia do mercado em meados de 2025 e uma ferramenta para te ajudar a entender as tendências de preços. A melhor estratégia é sempre pesquisar, comparar e adaptar suas escolhas à sua realidade local e ao seu orçamento.