A Vale, uma das gigantes do setor de mineração, registrou uma redução de 4% na produção de minério de ferro no terceiro trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. O volume produzido atingiu 86,24 milhões de toneladas. Essa queda foi atribuída, em parte, à menor produção de minério bruto, conhecido como “run-of-mine (ROM)”, no complexo de Paraopeba e à menor produção na região de Serra Norte.
Uma falha no sistema de correia transportadora no projeto S11D, ocorrida em agosto, também impactou o resultado de produção, resultando na redução de 1,5 milhão de toneladas no Sistema Norte. No entanto, é importante ressaltar que, em comparação com o trimestre anterior, a produção de minério cresceu 9,5%.
As vendas de minério de ferro da Vale no terceiro trimestre de 2023 totalizaram 69,7 milhões de toneladas, representando um aumento de 6,6% em relação ao mesmo período do ano anterior e um crescimento de 10% em comparação com o trimestre anterior. Esse desempenho positivo nas vendas se deve, em parte, à comercialização de finos e pelotas de minério de ferro, que aumentou em 4,4 milhões de toneladas em comparação ao ano anterior, aproveitando as condições favoráveis do mercado.
A produção do Sistema Sul da Vale diminuiu em 2,6 milhões de toneladas, principalmente devido à menor produção de minério bruto e às vendas do Complexo Paraopeba, além de uma parada temporária das operações de Viga devido a manutenção pontual do rejeitoduto.
No entanto, a produção de pelotas registrou um aumento de 11% na comparação anual, atingindo 9,17 milhões de toneladas, impulsionada pelo aumento no fornecimento de pellet feed de Brucutu e Itabira.
A Vale também deu início, em agosto, aos testes de comissionamento da primeira de duas plantas de briquete de minério de ferro em Tubarão, com uma capacidade combinada que, após o ramp-up, atingirá 6 milhões de toneladas por ano.
As vendas de pelotas somaram 8,6 milhões de toneladas no terceiro trimestre, representando um aumento de 1,1% na comparação anual, embora tenham recuado 2,2% em relação ao trimestre anterior.
No que diz respeito aos preços, o preço realizado de finos de minério de ferro foi de US$ 105,1 por tonelada, refletindo um aumento de 13,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento foi atribuído, em grande parte, a preços de referência mais altos de minério de ferro e a um impacto positivo de ajustes de preços.
Já o preço realizado das pelotas foi de US$ 161,2 por tonelada no trimestre, apresentando uma queda de 17% em comparação com o mesmo período do ano anterior, embora tenha havido um leve avanço de 0,5% em relação ao trimestre anterior.
O prêmio all-in, que representa a diferença entre os preços realizados e os preços de referência, totalizou US$ 3,8 por tonelada, sendo US$ 2,8 menor na comparação anual, principalmente devido aos menores prêmios de pelotas. Trimestre contra trimestre, o prêmio all-in foi ligeiramente menor, impulsionado por prêmios de mercado mais baixos, uma vez que as usinas siderúrgicas têm preferido finos de menor qualidade devido à redução nas margens de aço. Isso foi parcialmente compensado por um mix de vendas de portfólio de produtos superior, com uma participação maior dos volumes do Sistema Norte.
Desdobramentos para investidores
A redução na produção da Vale no terceiro trimestre de 2023 pode ter implicações significativas para os investidores. A menor produção de minério de ferro é um fator a ser monitorado, uma vez que pode afetar os resultados financeiros da empresa e, consequentemente, o valor das ações. Além disso, os preços mais altos de minério de ferro podem compensar parcialmente a queda na produção, o que pode ser benéfico para a receita da Vale.
Investidores também devem considerar o impacto das condições de mercado favoráveis nas vendas de finos e pelotas de minério de ferro, pois isso pode influenciar os resultados da Vale nos próximos trimestres. O aumento na produção de pelotas e o início dos testes das plantas de briquete de minério de ferro em Tubarão são desenvolvimentos que merecem atenção, pois podem aumentar a capacidade de produção e a diversificação de produtos da empresa.
Por fim, o comportamento do prêmio all-in e as preferências das usinas siderúrgicas por finos de menor qualidade são fatores que podem impactar os preços realizados pela Vale. Investidores devem acompanhar de perto essas tendências, pois podem afetar a lucratividade da empresa.
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