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A Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo cru do mundo, está em intensa negociação com a China, a maior importadora do produto, para fixar parte das vendas em yuans, a moeda chinesa, segundo informações publicadas no Valor Econômico. A novidade pode representar uma ameaça à posição hegemônica do dólar (e dos EUA) em relação ao mercado mundial de petróleo.
Embora as negociações estejam acontecendo há mais de seis anos, a insatisfação dos sauditas com os americanos cresceu. Os motivos envolvem desde a falta de apoio dos EUA à intervenção da Arabia Saudita na guerra do Iêmen até a tentativa do governo Biden de firmar um acordo nuclear com o Irã, passando pelo compromisso assumido décadas atrás pelos americanos de defender o país. Inclusive a retirada do exército americano do Afeganistão foi avaliada como desastrosa pelas autoridades sauditas.
Caso o ativo seja negociado de fato na moeda chinesa, o prestígio do yuan aumentará o que irá arranhar a consolidada hegemonia mundial do dólar. Em 2019, a China comprou 20,1% do petróleo exportado pela Arábia Saudita. No ano de 2021, a cifra chegou a 25%.
Fixar esses preços em yuans é uma mudança profunda para a economia mundial. A possibilidade de petroyuans - contratos futuros de petróleo denominados em yuans - é estudada pelos sauditas como mecanismo de fixação de preços na estatal Saudi Arabian Oil Co (Aramco).
Atualmente 80% das vendas globais de petróleo são feitas em dólares. Desde 1974 a Arábia Saudita negocia sua produção de petróleo exclusivamente em dólar. A medida fez parte de um acordo com o governo Nixon, que prometia garantir segurança para o país em troca da exclusividade.