A última pesquisa de Economia Bancária e Expectativas realizada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) revelou que a melhora dos números correntes sobre a atividade econômica, acima do esperado pelos mercados, fez com que a estimativa para o saldo da carteira total de crédito em 2022 subisse para 9,7%. O número representa um salto de 1,4 ponto percentual em relação ao levantamento anterior, de março, quando se esperava um incremento de 8,3% este ano. A nova projeção ultrapassa a atual estimativa apresentada pelo Banco Central no último Relatório de Inflação, de 8,9%.
A exemplo da pesquisa de março, a carteira com recursos livres deverá liderar esse movimento, com expectativa de nova expansão de dois dígitos, chegando a 11,8%, acima dos 10,8% verificados dois meses atrás. Essa elevação ocorrerá tanto para as famílias (de 10,5% para 11,8%) quanto para as empresas (de 10,5% para 12,3%), beneficiadas, em especial, pela retomada do consumo de serviços, em função da reabertura da economia e do impacto positivo dos programas sociais do governo.
A Pesquisa Febraban é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O atual levantamento reuniu as percepções de 17 bancos, entre 11 e 17 de maio, sobre a última Ata e as projeções para o desempenho das carteiras de crédito para o ano corrente e o próximo.
A melhoria na estimativa das projeções da carteira de crédito para 2022 ocorre pela terceira vez neste ano e mantém tendência de elevação este ano.
Em relação à carteira com recursos direcionados, também se mantém a revisão para cima, de 5,3% para 7,6%. Esses dados provavelmente já consideram o efeito da nova rodada dos programas públicos no saldo de operações do segmento, explica Sardenberg, que completa. É natural que, quando nos afastamos da crise gerada pela pandemia, o crescimento seja liderado pelo segmento livre, deixando o crédito direcionado para o atendimento de setores específicos, em especial no caso das empresas.
PESSOA JURIDICA
Esta foi a segunda edição em que a pesquisa solicitou as aberturas PF e PJ da carteira direcionada. Nos dois casos, houve melhora das projeções. Para a carteira PF, a expectativa avançou de expansão de 8,8% para 9,6%, enquanto para a carteira PJ a média das projeções passou de 0,2% para 2,5%.
Para 2023, a média das projeções para a expansão da carteira total ficou estável em 6,3%, com queda de 0,3 pp em relação aos 6,6% obtidos no levantamento anterior. Houve, no entanto, revisão para baixo na carteira com recursos livres (de 8,1% para 7,7%), que é parcialmente compensada pela revisão positiva da carteira direcionada (de 3,9% para 4,7%).
Segundo a entidade, esse movimento acompanha a piora das projeções para o PIB do próximo ano, dada a expectativa de manutenção da Selic em nível elevado por mais tempo.
Camila Brunelli / Agência CMA
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