A Ativa Investimentos disse que a mudança no comando da Petrobras traz sinais negativos para o mercado, uma vez que simboliza (novamente) o desconforto do acionista majoritário com a forma como a Petrobras vem tocando a sua política de preços.
O ministério de Minas e Energia comunicou, na noite de ontem, a saída de José Mauro Coelho da presidência da Petrobras. Para o seu lugar, será conduzido Caio Mário Paes de Andrade, atual secretário de desburocratização e com forte ligação ao ministério da Economia.
“A chegada de Andrade poderá significar a aplicação de política de preços de derivados
ainda mais espaçada, abrindo espaço para a vigoração mais perene de preços defasados frente aos praticados no mercado internacional. Aguardaremos mais informações para definir se reveremos nosso posicionamento perante as ações da companhia”, detalhou a Ativa.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa, a entrada de Andrade fortalece a parcela do governo que Paulo Guedes representa. Após Adolfo Sachsida assumir o comando do Ministério de Minas e Energia era natural observar esse tipo de atuação.
“Em termos de políticas de preços, o momento parece pouco oportuno, visto que gasolina não tem reajuste há um bom tempo e pratica preços 20% abaixo da cotação internacional. Diga-se de passagem, matérias ontem indicavam que Guedes gostaria de dilatar a frequência de reajustes para um prazo superior a 100 dias, o que a coincidente substituição pode vir a sinalizar”, ponderou Sanchez.
O economista ressaltou que a ala econômica do governo, empenhada no processo de privatização da companhia, vem defendendo que Caio será peça fundamental dentro da companhia para viabilizar a venda da empresa.
O nome de Andrade é questionado por representantes dos minoritários no conselho da estatal, que não reuniria experiência profissional suficiente para assumir o cargo. A Lei das Estatais exige experiência de dez anos na mesma área de atuação ou área conexa, ou quatro anos na chefia em empresa de porte equivalente, cargo em comissão ou de confiança no setor público docente ou de pesquisador em áreas de atuação da estatal para a qual foi nomeado.
Segundo avaliação da Mirae Asset, a mudança tende a influenciar o comportamento de preços das ações da empresa, já que a discussão gira em torno da política de preços da Petrobras, que segue com o modelo de paridade internacional. A corretora mantém sua indicação de compra, com preço-justo de R$ 41,37 (up-side 14%).
“A mudança pode acarretar, inclusive, mudanças na diretoria e no conselho de administração da empresa. Apesar da pressão do governo, não aguardamos mudanças na política de preços da Petrobras, que tem a referência internacional da cotação do Brent como parâmetro para seus preços praticados no mercado doméstico”, explicou a Mirae.
Para os analistas da Genial Investimentos, a notícia deve aumentar a volatilidade no papel. Entretanto, a empresa tem gerado em torno de 40% do seu valor de mercado em fluxo caixa. “O investidor da Petrobrás poderia ter seu capital remunerado via dividendos em aproximadamente 3 ou 4 anos. A corretora apontou que está revisando sua posição sobre os papéis da companhia.
Emerson Lopes / Agência CMA
Copyright 2022 – Grupo CMA
Imagem: Geraldo Falcão/Agência Brasil