O mundo se aproxima de uma catástrofe no abastecimento de comida, alerta a revista The Economist. A perspectiva da principal publicação sobre economia do mundo é que os efeitos da Guerra da Ucrânia se estenderão além das terríveis mortes, crises de imigração e humanitárias.
Juntas, Ucrânia e Rússia fornecem 12% dos produtos alimentícios do mundo. Só de cereais, a Ucrânia é a terceira maior exportadora, computando US$ 8.38 bilhões ao ano.
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Com a guerra, a capacidade desses países de fornecerem commodities voltados à alimentação ficou fortemente prejudicada.
Se, antes da guerra, os produtos eram transportados por um regime portuário na Ucrânia, agora, com a presença militar russa no país, os transportes são feitos através de escassas linhas de trem ou por pequenos portos, na região do rio Danúbio.
A capacidade de exportação russa também foi prejudicada. Com as diversas sanções, o país foi impossibilitado de fazer transações internacionais e, com isso, sua capacidade de venda diminuiu drasticamente.
Mas as adversidades não param por aí. Com a crise do Covid-19 na China, os portos chineses, por onde atravessam boa parte de todos os produtos negociados, estão parados. Agora, diversos navios não possuem lugar para portuar e seu destino fica cada vez mais longe.
Não bastasse pandemia e guerra, a crise climática na Índia consegue piorar as previsões. Na semana passada, os contratos futuros de trigo para 2022 fecharam no limite máximo de negociação em Chicago. A alta de 70 centavos de dólar aconteceu após a Índia anunciar que não exportará mais o grão, devido às ondas de calor.
Antes mesmo da guerra, 2022 já foi anunciado como um ano preocupante para a produção de alimentos. De acordo com a reportagem, a China (maior exportadora de trigo) já havia anunciado que, com a estiagem, a safra deste ano poderia ser a pior em décadas. Junto às grandes secas no nordeste africano, o resultado é uma possível, e muito provável, catástrofe no abastecimento mundial de alimentos.
Os preços já decolaram, o trigo subiu mais de 50% desde o início do ano.
O superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira, lembrou recentemente que produção de soja e arroz brasileira também foram afetas.
“Para as duas culturas, houve uma redução das estimativas de produção em relação às estimativas de dezembro. Esse fato contribuiu para o aumento da instabilidade dos preços nos mercados de arroz e de soja, dada a redução dos estoques finais esperados para as duas culturas”, afirmou Silveira.
Para um mundo que está enfrentando uma inflação de mais de dois dígitos, a projeção é de que falte comida, tornando a vida cada vez mais cara.
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Imagem: unsplash.com