Após circularem informações no mercado de que os acionistas da GetNinjas seriam cotistas dos fundos que vêm aumentando exponencialmente suas participações na própria companhia, a empresa pediu um esclarecimento oficial da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
A companhia, conhecida como o “Uber dos serviços”, pediu para que os fundos Wealth High Governance Capital e Artic Capital, e a REAG Investimentos, informem quem são os beneficiários finais (ou seja, quem ganha com os investimentos dessas instituições financeiras).
O pedido requer ainda que os fundos informem se esses beneficiários finais são, “direta ou indiretamente, cotistas dos fundos e/ou investidores titulares”, se eles “mantêm ou mantiveram relações societárias, trabalhistas, contratuais ou familiares com os beneficiários finais dos fundos e/ou investidores titulares das carteiras sob gestão da REAG “, ou / e se eles “mantêm relações societárias, trabalhistas, contratuais ou familiares com a REAG, seus principais acionistas ou administradores”.
Em português claro, a GetNinjas quer saber quem que lucra com a participação desses fundos na empresa.
Em 11 de setembro, a Reag avisou ao mercado que adquiriu o equivalente a 5% de participação na GetNinjas. Em 20 de setembro, enviou outro comunicado, avisando que sua participação chegou a 18,34% – e tudo isso virou pauta no último podcast Ligando os Pontos.
No dia 21 de setembro, a GetNinjas anunciou que irá distribuir a maior parte do dinheiro que tem em caixa. Do dia 21 para o dia 22 do mesmo mês, a Reag comprou mais ações da empresa e chegou a 24,38% de participação.
Ou seja, de 11 de setembro até o dia 22, a Reag saiu de 5% de participação na GetNinjas para 24,38%. E no meio de tudo isso, a GetNinjas tomou uma decisão considerada por muitos “radical” de se desfazer do seu caixa – ao invés de transformá-lo em investimentos.
Esse aumento da participação da Reag levantou preocupações sobre o controle da empresa e a possibilidade de um eventual acordo de acionistas ou mudanças na gestão.
O pedido de explicações desta quarta-feira (11), além de requerer o esclarecimento de quem são as pessoas físicas lucrando com os aumentos de capital, pede também para que os fundos digam quais são seus objetivos para tais aquisições.
Juntas, as instituições financeiras atingem mais do que 25% do capital da companhia, o que dá a elas o direito de pedir um OPA (Oferta Pública de Ações).
Uma oferta pública de ações geralmente significa duas coisas: ou uma empresa quer fechar seu capital, ou algum acionista quer se tornar o majoritário.
E é isso que o mundo (e a GetNinjas) quer saber, qual é o futuro da companhia, quem vai controla-lá e quem está lucrando com todas essas movimentações. A resposta, ficará para os próximos capítulos, mas sabemos que não é o investidor.
Desde seu IPO, os papéis da empresa já perderam mais de 77% do seu valor. No último mês, mesmo com a oferta generosa de remuneração aos acionistas, as ações já desvalorizaram mais de 6%.