Apesar dos bons resultados nos anos de 2021 e 2022, a indústria do petróleo enfrentará grandes desafios nos próximos anos. Apostar nela, neste momento, depende da sua capacidade de se reinventar.
A Guerra na Ucrânia, mesmo tendo trazendo grandes lucros e a valorização da commodity, impulsionou os já altos custos do transporte de petróleo. As restrições da cadeia de suprimentos e a nova tendência de descarbonização desafiam o crescimento da indústria petrolífera, adicionando novas restrições ao mercado, aponta a consultoria McKinsey, em relatório divulgado na última semana.
A consultoria ainda destaca a baixa demanda de petróleo como consequência das políticas de controle energético da China – país que atualmente está enfrentando novas ondas de Covid-19, prejudicando a indústria local.
”A demanda de petróleo ultimamente tem aumentado muito mais lentamente, cerca de 1% de 2020 a 2021, bem abaixo da média mundial de 3% a 5%. Isso foi parcialmente devido à política de energia de controle duplo da China, que reduziu a capacidade de conversão downstream”.
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Em seu 14º Plano Quinquenal, o Partido Comunista Chinês definiu as políticas e objetivos a serem perseguidos até 2025 (leia mais sobre o assunto aqui).
Entre os pontos destacados por especialistas está justamente aumentar a participação de combustíveis não fósseis na matriz energética para cerca de 20%. Em 2019, esse percentual foi de 15,3%.
Ao mesmo tempo, o plano prevê um aumento no investimento chinês em pesquisa e desenvolvimento, saindo de cerca de 2,2% do PIB em 2020 e chegando a 2,4% do PIB em 2025. Usando o PIB de 2020 como base, seria um aumento de US$ 29 bilhões na área (R$ 152 bilhões).
O grande desafio apontado pela consultoria é a restrições da cadeia de suprimentos, “o que levou à redução do comércio e altos custos de envio”. A origem dessas restrições vêm do interrompimento nas produções petrolíferas – como em cidades afetadas pelo Covid-19 – e do trânsito portuário gerado pela pandemia.
Entretanto, ainda há os desafios da tendência de reduzir a emissão de CO2 pelas economias mundiais, que foi adiantada pelos novos acordos feitos na COP26, antecipando a promessa internacional de descarbonização. Os Estados Unidos, um dos maiores poluentes do mundo junto à China – e também um dos maiores produtores de petróleo – se comprometeu a ter uma economia livre de carbono até 2035.
Com a guerra da Ucrânia, a aceleração do movimento foi ainda mais drástica. As sanções implantadas pelas nações-membro da Otan acabaram por prejudicar a exportação de petróleo, gás e carvão russo à Europa, o que levou o continente a pensar em novas soluções descarbonizadas.
Nesta semana, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos liberou o uso emergencial do combustível E-15, composto por gasolina e até 15% de etanol – combustível natural feito de cana de açúcar.
Na Europa, a expectativa é de que se consiga cortar a dependência do gás russo substituindo-o por hidrogênio verde – feito com baixo uso de carbono.
A Tesla, do bilionário Elon Musk, que antes dominava o mercado de carros elétricos, agora possui diversos concorrentes, inclusive criando iniciativas para tornar o automóvel “verde” mais acessível. Diversas empresas presentes no Brasil já entraram na disputa, como Fiat, Chevrolet, CAOA e JAC Motors.
Todos esses movimentos preocupam a indústria petrolífera, famosa pelas suas altas emissões, e agora, com a guerra do leste europeu, por seus altos custos tanto de negociação, quanto de transporte da commodity– como apontou a McKinsey.
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Imagem: unsplash.com