Turbinado por fatores como uma redução sistemática dos índices de natalidade e, mais recentemente, por desafios impostos pelo isolamento social durante a pandemia, o mercado de produtos para pets vem registrando sucessivos crescimentos. E no ano passado, não foi diferente.
O setor faturou R$ 51,7 bilhões, aumento de 27% em relação a 2020, segundo dados do Instituto Pet Brasil. A maior parte desse valor, como é de se imaginar (R$ 28 bilhões), corresponde à alimentação. Com a ração tendo substituído os restos de comida em boa parte das “mesas” dos bichos brasileiros, o setor caminha, agora, para uma maior sofisticação em outras áreas, como a dos planos de saúde para pets.
Os números globais mostram que esse tipo de serviço ainda é pouco adotado no País: segundo um levantamento da própria Plamev, nos Estados Unidos, 1% dos donos de pets possuem seguro; na França essa participação chega a 5% e, no Reino Unido, a 25%. No Brasil, apenas 0,05% dos proprietários de pets possuem seguro.
“Temos um oceano para crescer”, afirma Pedro Svacina, sócio e CEO da Plamev Pet, segunda maior empresa do setor. Ele estima que o potencial do mercado brasileiro seja de R$ 4 a R$ 10 bilhões.
Os valores dos planos não chegam a assustar. O pacote mais em conta oferecido pela Plamev por exemplo, sai por R$ 14,99 mensais e inclui teleorientação (consulta on-line com veterinário), segundo de três meses caso o “pai de pet” perca o emprego, uma consulta presencial por ano e auxílio funerário de R$ 1.200. Já a versão top de linha, batizada de Diamond, custa R$ 321,25 por mês e inclui pacote completo de vacinas, cobertura de cirurgia de catarata, UTI, inseminação artificial, consulta domiciliar e castração — os valores para cães e gatos são os mesmos, com variação apenas no tipo de plano.
É possível adquirir, também, um serviço internacional, o “pet passport”, cobrado à parte e que prevê um reembolso de até US$ 1 mil em gastos veterinários em terras estrangeiras. Aqui no Brasil, a rede credenciada contabiliza 1,2 mil clínicas e 2 mil veterinário. A ideia, segundo Svacina, é aumentar a oferta, chegando a 1,6 mil clínicas parceiras até o final do ano.
Atuando em um mercado ainda pouco explorado, a empresa vem apresentando, desde o início da pandemia, índices de crescimento na casa dos três dígitos. Foram R$ 5 milhões de faturamento em 2020, R$ 10 milhões no ano passado e a previsão para este ano é de R$ 24 milhões. O número de colaboradores, hoje de 70 pessoas, deverá chegar a 220 até o final do ano.
Para bancar o crescimento, o grupo já realizou duas rodadas de captação, a primeira, com recursos dos próprios conselheiros e a segunda, de um grupo formado pela FIR Capital e pela Duxx Investimentos, em um processo intermediado pela VS1 Capital. Agora, o grupo está em busca de um investidor série B.
Ex-vice-presidente da Claro e executivo com passagem por diversas empresas de telecom, Svacina, um apaixonado por pets, está animado. “A relação das pessoas com os animais, atualmente, é totalmente diferente de 20 ou 30 anos atrás. O Brasil possui mais pets do que crianças. E essa relação se tornou ainda mais intensa com a pandemia, quando muita gente se deu conta de que os bichos de estimação poderiam ajudar adultos e crianças e lidar com o isolamento. Há uma maior disposição a gastar com pets”, afirma.