Agência Brasil
A Bolsa opera em queda com os investidores ainda digerindo os dados da prévia da inflação no Brasil, apresentados ontem, e na expectativa da divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Fomc) dos Estados Unidos e o pronunciamento do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).O mercado também monitora sinais de reabertura da China, estoques de petróleo e os reflexos do cenário global para as moedas de países emergentes.
Às 11h47 (horário de Brasília), o principal índice da B3 tinha queda de 0,20%, aos 110.357,43 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuava 0,39%, aos 110.940 pontos. O giro financeiro era de R$ 5,5 bilhões. Em Nova York, os índices operavam em alta.
As ações da Vale (VALE3) tem leve alta (+0,07%), seguindo a alta do minério de ferro na Bolsa de Dalian, enquanto as da Petrobras (PETR3 e PETR4) avançam respectivamente 1,3% e 1%, seguindo as cotações de petróleo e em dia de assembleia de acionistas da companhia que pode trazer mudanças para a gestão da empresa. As petrolíferas 3R e Petro Rio subiam 1,76% e 0,18%.
Os bancos, que têm forte peso no índice, operam em queda, com Santander, Banco Pan e Inter entre as maiores baixas do índice, junto com a Americanas e Braskem.Na ponta positiva do índice apareciam Rede D'Or, MRV, SulAmérica, Via e Iguatemi, que mostram recuperação.
Para Marcelo Oliveira, da empresa de tecnologia e educação financeira para investidoresQuantzed, a semana começou num tom mais negativo, mas hoje já temos bolsas europeias subindo e futuros americanos subindo. "As maiores preocupações são ata do Fomc, desaceleração na China e bloqueios no país sufocando cadeias de suprimento, além da guerra na Ucrânia. São pontos que aumentam a pressão dos ativos e a dificuldade de retomada econômica."
O mercado também acompanha dados sobre os estoques de petróleo dos EUA, que estão baixos, o que pressiona a inflação.
Em relação à ata do Fomc, o analista comenta que o investidor deve prestar atenção na taxa neutra. "Será que vai levar taxa para território restritivo, ou seja, juros reais positivos? Isso é um ponto de atenção porque mundo não sabe o que são juros reais positivos há muito tempo.
Temos que analisar como, nessa nova realidade, dado o cenário de estagflação e possível recessão, com inflação galopante e Bancos Centrais apertando política monetária, ativos de risco, principalmente classes novas dos últimos 10 anos, irão se comportar.
Por causa das taxas de juros mais altas e condições econômicas, americanos não estão comprando imóveis. Isso é um grande sinal de recessão."
Ele avalia que isso vai em linha com o que vemos na China com a atividade massacrada com a política de Covid Zero. "Os grandes bancos globais, como JP Morgan, estão revisando crescimento chinês para baixo, o que afeta crescimento global. China cresce menos, EUA com problemas. Brasil se beneficiaria muito mais se China crescesse."
Para Ubirajara Silva, gestor de renda variável Galapagos Capital, enquanto o investidor estrangeiro não voltar para a Bolsa, o Ibovespa deve continuar fraco. "o fluxo estrangeiro na B3 está bem negativo em quase R$ 12 bilhões, enquanto o investidor estrangeiro não voltar a comprar a Bolsa, é difícil ver o Ibovespa subindo bastante. As ações ligadas ao mercado interno foram bastante penalizadas no pregão de ontem. Hoje temos uma leve alta do minério de ferro, mas as commodities metálicas e emergentes sofrendo um pouco, então, junto com a Bolsa dos Estados Unidos, a moeda brasileira deve sofrer um pouco também", finalizou.
Cynara Escobar / Agência CMA
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