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A defasagem no preço dos combustíveis brasileiros segue acima dos dois dígitos, podendo chegar a 16% em alguns portos, de acordo com a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).
Em média, os preços do diesel e da gasolina precisam de um reajuste de 10% e 14%, respectivamente, o que representaria um aumento de R$ 0,55 e R$ 0,62 por litro no bolso do consumidor.
A crise energética, decorrente da guerra da Ucrânia e das sanções à Rússia, acabaram por disparar o preço do petróleo no mundo. Aqui no Brasil, a política da Petrobras é de paridade de preços internacionais, ou seja, a venda da commodity fica tabelada, independentemente se o destino é interno ou externo.
O preço da negociação de petróleo brent no mundo registrou crescentes altas que deveriam ser refletidas na bomba brasileira. O problema é que o repasse não tem sido feito por completo e a defasagem vem aumentando, em meio a pressão dos caminhoneiros, da inflação e do próprio ano eleitoral.
Pressão na Petrobras
A Petrobras tem sido fortemente pressionada pelo encarecimento dos combustíveis, o presidente da república, Jair Bolsonaro, tem direcionado várias críticas à estatal, inclusive dizendo que ela "pode quebrar o Brasil".
Como se não bastasse, ainda há em vista um desabastecimento do diesel. Na sexta-feira (27), a Petrobras enviou um ofício tanto ao presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, quanto à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), formalizando os alertas sobre a possibilidade de uma escassez do produto.
O Ministério das Minas e Energia, inclusive, já informou que se as importações de óleo diesel S10 fossem cessadas hoje, e que os estoques, em conjunto com a produção nacional, só serão suficientes para suprir o país por mais 38 dias
Além de preocupar o governo, a Petrobras está sendo fortemente pressionada por investidores. Segundo cálculo do banco BTG Pactual, caso a Petrobras continue com uma defasagem de preços em relação à PPI (política de paridade internacional) e efetivamente segure o aumento do preço dos combustíveis, a estatal deve perder US$ 3,6 bilhões em dividendos – o que não agrada nem um pouco os acionistas.
De 23 de maio para cá, as ações da Petrobras despencaram. A PETR4 já acumulou perdas de mais de 17%, enquanto a PETR3 está fechando na marca dos 15%.Imagem: piqsels.com