O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a inflação do Brasil em março foi uma surpresa. O último resultado do IPCA (Índice de preços no consumidor) apresentou o maior resultado desde 1994 para março, de 1,62%.
“Estamos analisando essas surpresas”, comentou o presidente do Banco Central em evento promovido por Traders Club (TC) e Arko nesta segunda-feira.
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Segundo Campos Neto, há o fluxo de entrada de recursos no país, mas parte da melhora cambial ainda não está refletida nos preços e índices de inflação.
“A pergunta é se isso pode se interromper com movimento mais alto de juros nos EUA”, destacou. Retrucando a própria pergunta, Campos Neto disse que a resposta se dá na forma como isso for feito.
O presidente do BC também destacou que o real obteve o melhor desempenho frente ao dólar, em comparação com as moedas do G-20.
Ele trouxe algumas vantagens do mercado brasileiro, como: a surpresa fiscal positiva, BC pró-ativo, nova realidade de inflação mundial e empresas brasileiras operarem bem no ambiente inflacionário.
Sobre a inflação, Campos Neto comentou que a valorização do real ainda não entrou em algumas contas. “Olhando as estimativas que recebo do mercado de inflação, é que algumas casas ainda têm câmbio em R$ 5,25, R$ 5,30, R$ 5,35”, disse.
Ele também destacou que as políticas monetárias do BC devem apresentar fortes resultados no próximo trimestre, o que deve arrefecer a inflação.
“Achamos que parte do trabalho de juros que fizemos (elevação) vai ter forte impacto nos próximos trimestres”, disse. Entretanto, ele também reportou a possibilidade para reavaliar as taxas caso algo fuja do padrão.
Campos Neto disse, também, que a curva de juros mostra movimento de alta na parte curta, com curva mais plana nos médio e longo prazos. O presidente se embasou nas taxas de 10 anos, que estão caindo, apesar da surpresa inflacionária.
O presidente do BC também destacou que o arrefecimento da pandemia testou a tese de que o aumento do consumo durante o período era um choque de oferta e, portanto, que ocorreria um aumento temporário de inflação.
Ao analisar a situação econômica do Brasil, Campos Neto tornou-se ao cenário internacional para justificar a conjuntura nacional.
Ele chegou a citar surpresas nas taxas de Colômbia e Chile, e que países que vinham apresentando índices de 0,10%, 0,15% estão com inflação rodando na casa de 1%. Ele também comentou sobre os EUA, que tanto a taxa cheia quanto o core alavancaram.
Além disso, ele destacou uma “sequência de choques” no cenário internacional, que impactaram a economia, referindo-se à covid-19 e a guerra na Ucrânia.
Comentando sobre a covid, ele avaliou que o balanço do Fed trouxe uma expansão “nunca antes vista”, de aproximadamente 10% do PIB norte-americano.
Imagem: José Cruz/Agência Brasil