São Paulo, 8 de abril de 2022 – As taxas dos contratos futuros de
Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em forte alta após a divulgação do
IPCA de março surpreendentemente negativo.
O índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,62% em
março na comparação com fevereiro, acelerando-se em relação à alta apurada
no período anterior (+1,01%), segundo dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior variação para um
mês de março desde 1994 (42,75%).
Segundo Rachel Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, o resultado foi
puxado especialmente por alimentos consumidos dentro de casa (com destaque para
leite, pães e óleos e gorduras) e por combustíveis.
"Vale destacar que, como esperávamos, aquela alta nos preços da gasolina
que pode ter surpreendido a muitos por não ter sido vista no IPCA do mês
passado, chegou agora no indicador de março", diz. "A alta da gasolina
também acabou impactando alguns serviços, como transporte por aplicativo",
completa.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, destaca que este IPCA é
ainda mais importante do que os outros porque o mercado perdeu referência sem o
Boletim Focus desta semana.
"O Banco Central adotou postura muito mais dovish do que o imaginado pelo
mercado e desenhou um cenário que não está sendo corroborado", diz.
Para a economista, o BC atrelou a própria política monetária ao cenário
nos EUA, com uma taxa de juros abaixo de 2%, algo que, segundo ela, não vai
mais acontecer. Além disso, a equipe econômica esperava um IPCA na casa de 1%,
não 1,6%.
"IPCA chegou para jogar a realidade na cara do BC e do mercado
financeiro", diz Carla. "Foi uma chacoalhada geral", prossegue.
Por sua vez, Samuel Cunha, economista e sócio da H3 Invest, acredita que a
política monetária deve continuar no combate à inflação.
"Pode ser que tenhamos até uma surpresa quanto ao patamar da taxa de
juros ao fim deste ciclo de alta", diz. Antes da divulgação deste IPCA, o BC
esperava só mais uma alta na taxa de juros, na próxima reunião, elevando a
Selic a 12,75%.
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2023 tinha
taxa de 12,960% de 12,750% % no ajuste anterior
projetava taxa de 12,430%, de 12,155%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,770%,
de 11,530% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,500% de 11,300%, na
mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a
R$ 4.7060 para venda.
Pedro de Carvalho / Agência CMA
Copyright 2022 – Grupo CMA