Na abertura do evento, o ministro da economia, Paulo Guedes, reiterou que o governo está na fase final da capitalização da estatal. “Há urgência aparente em capitalização da Eletrobras, mas é discutido há muito tempo”, disse, destacando que o Executivo discute o tema desde o início do atual governo. Ele também avalia que o processo é decisivo para segurança energética brasileira. “Estamos vendo energia mais cara e com instabilidade de preço”, disse.
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Enquanto na primeira parte do evento ter um prazo maior foi apontado como importante para trazer mais segurança à capitalização da Eletrobras, no segundo painel do debate promovido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), denominado “Visão do Mercado sobre a Capitalização da Eletrobras”, os especialistas do mercado destacaram a importância de realizar o processo o quanto antes, em maio, para levantar mais recursos para a companhia.
Para o diretor do UBS BB, Giuliano Ajeje, hoje a janela está aberta, o que significa finalizar a capitalização em maio. “O risco de postergar para o próximo semestre é o calendário eleitoral e aversão ao risco por conta dos impactos da guerra na Ucrânia e fazer uma capitalização com um investimento inferior, o que pode comprometer investimentos.”
O especialista disse que a Eletrobras é vista pelos investidores como uma empresa especulativa. A cada 1 real colocado na empresa se queima 0,90 centavos. Embora atualmente exista mais previsibilidade, ainda há dificuldade de prever a geração de caixa na Eletrobras, por isso, ela é especulativa, disse.
“Ao tornar-se uma corporation, a Eletrobras terá mais previsibilidade e atrairá investimentos, com fundos de infraestrutura. Não haverá investidores estratégicos, como foi falado erroneamente no painel anterior [mencionado por Nelson Hubner]. Eu tenho conversado com investidores de longo prazo muito interessados em aportar na Eletrobras. O risco de não realizar a capitalização é de a empresa deixar de existir”, comentou o executivo do UBS BB.
Para Fabiano Custódio, sócio da Miles Capital, hoje há uma demanda por ativos que protegem o investidor da inflação, por isso o estrangeiro está aportando no mercado brasileiro. “Acompanhando o setor de utilities há 20 anos, desconheço uma estatal que teve uma boa gestão. O investidor busca previsibilidade e todas as estatais listadas no Brasil tiveram períodos muito ruins. A alavancagem da Eletrobras chegou a 7,8 vezes, uma situação quase falimentar, não conseguiu publicar o formulario 8-F. Houve congelamento de tarifas no Paraná (a energia é operada pela Copel). Então, imagino que a Eletrobras sendo operada por grandes fundos internacionias, isso vai melhorar. O governo continuará sendo dono da empresa, melhor gerida e com ações mais valorizadas”, analisou o analista.
Para o economista José Guimarães Monforte, a capitalização da Eletrobras é “inevitável”, considerando que ela recorreu muitas vezes ao Tesouro para se manter. Nesse sentido, o economista vê com urgência a necessidade de levar a companhia ao mercado considerando que o momento atual é o melhor para aportar a maior quantidade de recursos.
“Eu vi muitas capitalizações como banqueiro, já estive no conselho de administração da Sabesp, Petrobras e da Eletrobras, vi processo de destruição de valor da empresa, tive o desprazer de sentar no Departamento de Justiça norteamericano. É difícil competir com empresas de capital privado, a estatal sempre terá ônus de custos.”
Em sua avaliação, após a capitalização, a Eletrobras será beneficiada por melhoria no custo de capital e pela recuperação da capacidade de gerir pessoas, em um ambiente de empresa privada, o que pode melhorar sua competitividade. “Além disso, o aumento de liquidez traz melhor capacidade para o mercado também oferecer mais descontos a outros competidores, democratizando o capital”, acrescentou Monforte.
Bernardo Parnes, da Investment One Partners, citou a privatização da Vale como um exemplo de sucesso e defendeu a capitalização da Eletrobras como importante para o interesse do país. “Temos uma chance de mostrar para o mundo e ficar à frente de competidores internacionais na questão de segurança energética, o que deixa o timing mais importante para se considerar [e acelerar o processo de capitalização da Eletrobras]”, comentou.
Mauro Martinelli, do Sindicato dos Urbanitários de Brasília (STIU-DF) perguntou se o processo nao está sendo acelerado pelo governo sem promover as discussões com a sociedade adequadamente, o que foi contestado por José Guimarães Monforte, que avalia que a capitalização vem sendo discutida há seis anos, foi aprovada pelo Consgresso e trará benefícios para a sociedade ao melhorar a operação da empresa e reduzir seus custos, na sua avaliação.
Cynara Escobar / Agência CMA
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