A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) confirmou, nesta quarta-feira (18) o envio, pelo governo do Estado de São Paulo, do projeto de privatização à Assembleia Legislativa de São Paulo.
Segundo a companhia, o projeto pretende atender diretrizes específicas, como as metas de universalização da prestação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em todos os municípios do Estado atendidos pela Sabesp.
O CEO da Sabesp, André Salcedo, indicado pelo governador Tarcísio de Freitas, afirmou que já implementou corte de custos e se prepara para uma nova oferta de ações em 2024, em entrevista da Bloomberg News. Entenda o que isso significa e os próximos passos:
A Sabesp já é negociada na Bolsa desde janeiro do ano 2000, através do código SBSP3, mas a nova proposta do governo de Tarcísio é diminuir a participação do governo de São Paulo.
Hoje, o estado detém 50,3% da empresa, ou aproximadamente R$ 20,7 bilhões em capital de mercado e, na tarde desta terça-feira (3), o governador voltou a defender a privatização da companhia, que hoje é mista.
O que diz o CEO?
O CEO da Sabesp, André Salcedo, afirmou que a Sabesp já está diminuindo seu quadro de funcionários – em cerca de 15% – está cortando as despesas de energia e está diminuindo as taxas de inadimplência.
Salcedo assumiu a empresa em janeiro deste ano, a convite do governador de São Paulo.
Para o CEO, há uma “janela potencial” para uma oferta de ações a partir de maio de 2024, após a publicação dos resultados de primeiro trimestre (1TRI24).
“Então, até meados de agosto é possível realizar a transação”, afirmou o CEO à Bloomberg.
Em junho, a empresa concluiu o programa de demissão voluntária, com um saldo de R$ 3 bilhões a menos na folha de pagamento.
Como andam as ações SBSP3?
Desde sua entrada na Bolsa, em janeiro de 2000, suas ações tem alta de 645,13%. Do início do ano até hoje, a alta é de 13,06%, em comparação a +6,86% do Ibovespa – principal índice da Bolsa brasileira.
Nesta terça-feria (3), durante a greve, as ações caem 1,2% às 15h30, a R$ 60,22.
O que dizem os analistas?
As principais instituições financeiras do Brasil apostam na privatização da Sabesp – e concordam que isso é positivo para suas ações. Veja as recomendações:
*Continuidade do controle estatal: R$52/ação, que assume uma taxa de desconto maior e a continuidade de ineficiências de custos, e;
Privatização: R$62/ação, que assume uma taxa de desconto menor e a convergência de custos para os patamares de empresas privadas
A Greve
Os funcionários da Sabesp entraram em greve nesta terça-feira (3) pedindo o cancelamento dos estudos de privatização da Sabesp e um plebiscito para o projeto. A privatização da companhia é uma promessa de campanha de Tarcísio de Freitas.
O sindicato responsável pela greve na Sabesp, o Sintaema (Sindicato dos trabalhadores em água, esgoto e meio ambiente do estado de São Paulo), alega que a privatização é desnecessária, destacando que a empresa está financeiramente saudável e já investiu cerca de R$ 40 bilhões no setor de saneamento em São Paulo, o que representa um terço dos investimentos em todo o Brasil.
Em resposta à greve, o governo de São Paulo acusa os sindicatos ligados à Sabesp e ao Metrô de pressionarem a população do estado contra as privatizações. Segundo o governo, o programa estadual de parcerias, concessões e desestatizações busca melhorar os serviços públicos para os cidadãos e está de acordo com a legislação brasileira. A nota oficial afirma que ao realizar greves ilegais, os sindicatos não apenas violam a lei vigente, mas também prejudicam a ordem pública e o aprimoramento das políticas públicas. O governo destaca a importância de líderes sindicais que respeitem a legalidade e atendam às necessidades da população.
Nos fatores de risco apresentados pela companhia a seus investidores, entretanto, a Sabesp previu que seus resultados pudessem ser afetados por protestos contra outro político: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Leia mais.
Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil