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Assim como já vem ocorrendo no segmento de clínicas médicas, o setor odontológico vive um crescimento das franquias, que, em geral, oferecem preços e condições de pagamento atrativos, além de serviços padronizados em suas diversas unidades. Dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO) mostram que o faturamento dos serviços odontológicos — considerando não apenas franquias, mas todos os tipos de clínicas — é de cerca de R$ 38 bilhões por ano. E há um espaço enorme para crescer, considerando que menos de 15% da população tem acesso a planos odontológicos.
Foi esse cenário promissor que chamou a atenção do empreendedor Tiago Carvalho, fundador e CEO da Dentz, rede que possui, hoje, 24 unidades, entre consultórios próprios e franqueados, além de outras 25 franquias em processo de implantação.
Um processo de expansão agressivo, apoiado em um modelo de negócios que, por sua vez, tem como base, entre outras estratégias, a oferta de crédito que cabe no bolso do consumidor, uso de muita tecnologia e em uma estrutura de apoio ao franqueado que permite que mesmo quem não é do ramo possa abrir um consultório.
O próprio Tiago, aliás, não é formado em odontologia. Ele é um daqueles “empreendedores clássicos”, capazes de identificar gaps de mercado e, a partir deles, desenvolver negócios.
Em 2015, com 25 anos, ele era líder para a América Latina na consultoria Euromonitor. Mas já estava de olho em empreender, sobretudo nos segmentos de educação ou saúde, áreas nas quais, como o próprio empresário conta, poderia “fazer a diferença”.
Optou pelo setor odontológico, mas, antes de alçar voos próprios, se associou, em 2018, a uma pequena rede de clínicas que era gerenciada por dentistas em Barueri-SP, como forma de entender as particularidades do negócio, os acertos e os erros. Com base nessa experiência, lançou a Dentz.
Em mais um daqueles exemplos do mundo do empreendedorismo em que a realidade é bem diferente das avaliações previstas no plano de negócios, Tiago conta que, inicialmente, desenhou o projeto pensando nas classes C e D. “No começo, insistimos nessa faixa de renda. Mas descobrimos que há um público na classe B que reconhece a qualidade dos nossos serviços e valoriza o fator preço.”
Por isso, nesse aspecto, a empresa atua com duas estratégias: busca bairros em que não há predominância de apenas uma classe, mas ao mesmo tempo, possui consultórios em bairros tão diversos do ponto de vista de renda quanto São Miguel e Anália Franco, ambos na Zona Leste de São Paulo, mas muito diferentes do ponto de vista de perfil do público.
Por enquanto, o grupo atua na região metropolitana de São Paulo e tem duas clínicas no interior, em São José do Rio Preto e Piracicaba. Mas, entre as novas unidades previstas para 2022 nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, e Distrito Federal — todas no grupo das 25 novas unidades que devem ser inauguradas ainda em 2022.
O investimento inicial para ser franqueado parte de R$ 99 mil, no modelo “converta sua clínica”, para dentistas que queiram “levar seus consultórios para a rede” até a faixa de R$ 450 a R$ 600 mil, para quem quer “começar do zero”. Os valores, em todos os casos, incluem capital de giro. A equipe da Dentz se encarrega de montar o time, com profissionais que vão desde o atendimento até a contratação dos dentistas. “Sabemos que há uma curva de aprendizado em relação ao negócio, em si. Por isso, assessoramos os franqueados desde o início. É o que chamamos de franquia 5.0”.
O prazo para o break even é de nove a 10 meses. A taxa de royalties é de 8% e o custo com fundo de publicidade, de 1,5%.Imagem: Piqsels