Sentir-se preso entre o desejo de ter um carro elétrico e o medo da bateria acabar no meio da estrada é uma preocupação real para muitos motoristas no Brasil. Afinal, a promessa de autonomia do fabricante nem sempre se alinha com a experiência da vida real, especialmente nos modelos mais baratos.
Por que a autonomia real é diferente da autonomia do Inmetro?
A discrepância entre o número oficial divulgado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e o desempenho na rua é uma das principais fontes de dúvida. Isto ocorre porque o cálculo do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) é feito em condições extremamente controladas, sem variáveis climáticas ou de condução.
Na prática, por outro lado, o motorista precisa lidar com fatores dinâmicos. Por exemplo, o uso constante de ar-condicionado ou aquecimento pode reduzir a autonomia em até 20%. Além disso, a condução agressiva, com acelerações e frenagens bruscas, também consome mais energia. Portanto, a autonomia real do carro elétrico é um reflexo da eficiência do veículo somada ao estilo de direção do condutor.
Onde os carros elétricos mais baratos se destacam?
Apesar das limitações em longas distâncias, a verdade é que os modelos de entrada são campeões de eficiência no ciclo urbano, que é o seu foco principal. Neste ambiente, o sistema de frenagem regenerativa é altamente eficiente, reaproveitando a energia cinética e estendendo o alcance da bateria de maneira considerável.
O Renault Kwid E-Tech, por exemplo, tem uma autonomia oficial (PBEV) de 185 km, mas em rotinas de São Paulo ou Rio de Janeiro, com trânsito intenso, muitos donos conseguem alcançar mais de 200 km por carga. Da mesma forma, o BYD Dolphin Mini, que oferece 280 km (PBEV), proporciona uma tranquilidade ainda maior para o uso diário, tornando a recarga noturna em casa uma prática suficiente para a maioria dos deslocamentos.

Qual é o custo por quilômetro dos elétricos de entrada?
O maior argumento a favor dos carros elétricos mais baratos é a economia substancial no custo por quilômetro rodado, especialmente se a recarga for feita em casa. Para ilustrar essa diferença, comparar o custo de rodagem de um elétrico de entrada com seu equivalente popular a combustão ajuda a entender a viabilidade financeira da troca.
A tabela a seguir apresenta uma simulação de custo por 100 km, utilizando dados médios de consumo e valores de combustível e eletricidade de 2025 no Brasil.
| Veículo (Uso Urbano) | Tipo de Combustível/Energia | Consumo Médio (Inmetro) | Preço Médio (2025) | Custo Estimado por 100 km |
| Renault Kwid E-Tech | Elétrica | 9,5 km/kWh | R$ 0,80/kWh | R$ 8,42 |
| Renault Kwid 1.0 Flex | Gasolina | 15,3 km/L | R$ 6,14/L | R$ 40,13 |
| Média Carros a Combustão | Gasolina | 10,0 km/L | R$ 6,14/L | R$ 61,40 |
Portanto, é possível observar que o Kwid E-Tech pode ser até 78% mais econômico em custo de energia/combustível do que a média dos carros populares a combustão, o que justifica a escolha para o dia a dia.

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O que priorizar ao escolher seu primeiro carro elétrico?
Ao optar por um carro elétrico de entrada, o consumidor deve analisar o seu perfil de uso e as opções de recarga disponíveis. Para isso, existem alguns critérios cruciais:
- Autonomia Mínima Necessária: Avalie sua quilometragem diária; se for inferior a 100 km, um carro com 180-200 km (PBEV) é suficiente, evitando a necessidade de recargas no meio do dia.
- Acesso à Recarga Doméstica (AC): Ter um ponto de recarga em casa ou no trabalho é fundamental para maximizar a economia e a comodidade.
Para quem tem uma rotina estritamente urbana e roda até 100 km por dia, os modelos com baterias menores (cerca de 26 kWh, como o Kwid E-Tech) oferecem o melhor custo-benefício. Porém, para viagens ocasionais ou maior flexibilidade, modelos como o BYD Dolphin Mini ou GWM Ora 03, com baterias maiores e melhores recursos de recarga rápida (DC), são a escolha mais prudente.









