O mercado financeiro brasileiro enfrentou mais uma sessão de intensa volatilidade nesta quarta-feira (27), com os juros futuros experimentando acentuado estresse. O cenário internacional tumultuado manteve-se como protagonista, mas os investidores locais permaneceram atentos ao risco fiscal interno, especialmente diante das discussões sobre a proposta do governo referente ao pagamento dos precatórios.
Treasuries, petróleo e dólar criam tempestade perfeita
Às 17h15, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 registrou um salto de 10,702% para 10,895%, atingindo uma máxima de 11,035%. Paralelamente, o DI para janeiro de 2026 subiu de 10,51% para 10,76%, com pico de 10,98%. Destaque para o DI de janeiro de 2027, que retornou a 11,00%, não observado desde maio, marcando uma máxima de 11,24%. Já o DI para janeiro de 2029 atingiu 11,51%, frente aos 11,36% no ajuste, e máxima de 11,73%.
Ajustes na curva dos Treasuries e alerta do Fed
O mercado, que ensaiou uma queda pela manhã, foi impactado pela piora nos yields dos Treasuries, desencadeada pelas incertezas políticas nos Estados Unidos. O alerta do presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, sobre possíveis novas altas de juros, somado aos ajustes após um leilão de T-Notes abaixo da média, impulsionaram o aumento das taxas.
Desdobramentos e reações
Os preços do petróleo, peça-chave na inflação doméstica, subiram mais de 2%, enquanto o dólar manteve-se em valorização, ultrapassando R$ 5 no Brasil. No final do dia, os mercados ensaiaram uma reação, e os juros dos títulos do Tesouro americano se estabilizaram, afastando os DIs das máximas.
Precatórios no centro das atenções: Mercado atento às decisões do governo
Internamente, os investidores mantêm o foco na questão dos precatórios. A Levante Investimentos destaca a visão positiva em relação à intenção de regularizar essas dívidas, mas ressalta a cautela diante da tentativa de reclassificação de despesas para contabilidade da dívida.
Secretário do Tesouro esclarece: “Não tem pegadinha”
Diante das polêmicas, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, buscou esclarecer a proposta do governo, refutando categoricamente interpretações de “pedalada” em relação ao Supremo Tribunal Federal. Em entrevista ao Broadcast, Ceron enfatizou a gravidade do problema, destacando a necessidade de resolver a moratória e o ocultamento da dívida pública.
Imagem: Piqsels