Agência Brasil
O Banco Inter divulgou ontem uma análise sobre os possíveis resultados do segundo trimestre de 2022 do setor de proteínas. As empresas destacadas foram BRF, Marfrig, JBS e Minerva. De modo geral, a analista Manuela Granja acredita que essas companhias continuarão com resultados resilientes, impulsionadas principalmente pelas exportações, que refletem a demanda externa e seus preços atrativos.
Por outro lado, o trimestre também deverá ser marcado pelo cenário adverso nos
Estados Unidos, o que tende a proporcionar uma compressão superior das margens para empresas que possuem operações na América do Norte. No mercado doméstico, o cenário para proteína bovina é mais positivo. Por mais que a demanda interna ainda esteja comprometida com a perda do poder de compra da população, as exportações se sobrepõem a esse panorama e ganham destaque no período, salienta a analista.
Para proteína de aves, o trimestre também foi positivo para operações com o mercado
externo, dado que foi visto um acréscimo de 34,7% t/t e 26% a/a do total exportado em dólares, acompanhado de um aumento de 18,2% nos preços comercializados, estimulado pela forte demanda externa com ausência da Ucrânia e crise da gripe aviária no Hemisfério Norte.
Nos Estados Unidos, o cenário de intensificação de virada do ciclo, somado ao avanço
dos custos e conjuntura macroeconômica, proporcionaram um trimestre mais desafiador, por mais que ainda resiliente quando comparado com o histórico.
Para BRF, a analista do Inter espera uma forte recuperação estimulada pelas
exportações no período, depois de um primeiro trimestre negativo. Para operações no Brasil, a situação continua adversa, dada a sensibilidade do consumo interno que afeta o volume vendido, entretanto, o repasse de preços nos processados efetuado pela BRF e estímulos do governo no trimestre auxiliarão nos resultados.
Sobre a JBS, apesar do sequencial enfraquecimento do segmento Beef North America, o Inter espera que a diversificação de produtos da companhia dilua os efeitos desse cenário mais adverso, proporcionando resultados ainda robustos para o segundo trimestre de 2022, principalmente oriundo da Pilgrims Pride e atividades no Brasil.
"Esperamos que a pressão dos custos fique mais evidente nas margens, influenciado pela cadeia de suprimentos e alta no preço do boi. Para JBS Brasil, consideramos que o preço negociado no mercado externo, somado a uma sequencial melhora da oferta de animais, impulsionou as operações", explica o relatório.
Para o consolidado, a estimativa de receita líquida da para JBS no Brasil é de R$ 91.733 mm (+1,0% t/t e +7,1% a/a), com uma queda de 6,4% t/t do EBITDA, cotado em R$ 9.166 mm, além de uma margem de 10,0% (-0,9 p.p. t/t e -1,1 p.p. a/a).
Para a Marfrig, considerando apenas as operações da companhia, sem incluir a
consolidação da BRF, a expectativa é de um resultado levemente abaixo do primeiro trimestre de 2022, com uma pressão superior nas margens do segmento da América no Norte, mas ainda robusto no comparativo histórico. Por outro lado, com avanço do custo do animal e de toda cadeia de suprimentos, a previsão é de uma margem bruta de 16,3% (-1,5 p.p. t/t e -10,4 p.p. a/a), se aproximando da normalidade histórica.
Sobre a Minerva, que tem grande exposição ao mercado externo, a previsão é que o
segundo trimestre seja marcado por resultados robustos, impulsionado principalmente pelas exportações e preços internacionais atrativos do período. As operações no Brasil devem se beneficiar pela maior disponibilidade de animais, com período sazonal favorável e avanço do ciclo positivo, além da forte demanda externa, com preços recordes e um câmbio mais atrativo. Para o restante das operações da América do Sul, o destaque vai para o Paraguai, que sazonalmente possui uma oferta de gado superior no período, além dos estímulos da forte demanda internacional.
Emerson Lopes / Agência CMA
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