A ramificação da corretora de criptomoedas Binance nos Estados Unidos atingiu as mínimas de negociação em setembro, em meio a uma onda de problemas.
Em 16 de setembro, o volume de negociação na exchange ficou em US$ 5,09 milhões, muito abaixo do visto em 17 de setembro do ano passado – cerca de US$ 230 milhões. Os dados são da Amberdata.
A derrocada da Binance não é de hoje. Desde março, a empresa encontra diversos problemas com a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), que chegou ao seu ápice com a renúncia de seu CEO, Brian Shroder.
Até então, as demissões já atingiram cerca de 30% dos funcionários da corretora.
A empresa também é investigada no Brasil, no Canadá e na França.
Problemas com a SEC
A Binance US foi acusada pela SEC, a CVM dos Estados Unidos, de “wash trading” e oferta ilegal de ativos mobiliários.
“Wash trading” é uma estratégia de negociação controversa que consiste na compra e venda de ativos financeiros, como ações, criptomoedas ou commodities, que visa iludir e criar a ilusão de uma atividade de negociação significativa, sem que haja uma verdadeira alteração na propriedade ou no valor econômico dos ativos.
Na prática, isso equivale a uma espécie de jogo de cena nos mercados financeiros, sendo considerado uma forma de manipulação das flutuações de preços e das percepções dos investidores.
Além disso, para a SEC, a Binance não se registrou como corretora e não registrou seu serviço de staking (serviço que bloqueia ativos em carteira digital para apoiar as operações de uma rede blockchain e, em troca, receber recompensas ou juros.).
O processo segue em andamento, mas as punições podem significar o fim da Binance nos Estados Unidos.
Desde março, a Binance.US já interrompeu a negociação de mais de 100 pares de tokens.
Renúncias e mais renúncias
Na última terça-feira (12), Brian Shroder renúnciou seu cargo de CEO – e ele não foi o único a deixar a corretora.
O chefe do departamento jurídico Krishna Juvvadi e o diretor de risco Sidney Majalya, de acordo com o Wall Street Journal, também deixaram a empresa na semana passada.
Norman Reed agora, assume o cargo de CEO.
Mais de mil funcionários foram demitidos ou saíram da empresa.
Investigação no Brasil
A Binance também é investigada aqui no Brasil, na CPI das Pirâmides. O diretor-geral da corretora no Brasil, Guilherme Haddad Nazar, prestou depoimento à Câmara dos Deputados.
“Em relação a esses casos de pirâmides, nós somos vítimas reputacionais desses maus atores. Gostaria de reiterar que para todas as investigações correntes ou já finalizadas nós trabalhamos de maneira muito próxima e colaborativa com as autoridades”, defendeu Nazar.
A empresa também é investigada pela CVM por operar sem registro aqui no Brasil.
No final de agosto, a empresa ofereceu R$ 2 milhões para a CVM encerrar o caso, mas o colegiado da comissão negou a proposta.
“O colegiado entendeu que a celebração do termo de compromisso não seria oportuna e conveniente, tendo decidido pela rejeição da proposta”, afirmou a CVM em nota.
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