O mercado financeiro brasileiro está otimista na abertura desta sexta-feira (15), com expectativas de alta no Ibovespa impulsionadas por dados surpreendentemente positivos da indústria e do varejo da China. Além disso, as novas medidas de estímulo adotadas pelo governo chinês contribuem para esse cenário otimista, mas analistas alertam para preocupações com a inflação.
Ontem (14), o Ibovespa chegou perto de atingir a marca psicológica dos 120 mil pontos, impulsionado principalmente pelo desempenho robusto da economia chinesa e pelo mercado de Nova York. Essa ascensão ocorre em meio a apostas de que o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos está se aproximando do fim do ciclo de aumento das taxas de juros, com uma decisão de política monetária prevista para a próxima quarta-feira. Paralelamente, o Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil deve cortar a taxa Selic de 13,25% para 12,75% ao ano.
Na quinta-feira passada (07), o Ibovespa atingiu uma máxima intradia de 119.748,08 pontos e fechou aos 119.391,55 pontos, registrando uma valorização de 1,03%. Isso marcou o quarto pregão consecutivo de ganhos, apontando para um fechamento da semana em território positivo após uma queda de 2,19% na semana anterior.
Especialistas acreditam que o Ibovespa pode continuar a subir, buscando os 122 mil ou até mesmo 123 mil pontos, mas alertam para a necessidade de cautela devido às preocupações com o déficit fiscal na economia.
O mercado também repercutiu a aprovação, na Câmara, do projeto de lei (PL) relacionado ao acordo entre a União e os Estados para compensar as perdas de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ocorridas no ano passado. O texto-base do PL obteve 349 votos a favor, 68 contrários e duas abstenções.
Além disso, os investidores estão de olho nas possíveis pressões sobre a inflação no Brasil, que estão relacionadas ao aumento nos preços do petróleo no mercado internacional. Hoje, os preços atingiram o nível mais alto em 10 meses. Além disso, a inflação implícita nas taxas negociadas nas Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B) no mercado secundário de curto prazo na B3 voltou a subir recentemente.
Esse aumento na inflação implícita pode começar a afetar as projeções feitas pelos departamentos econômicos das instituições financeiras, mesmo que as expectativas recentes tenham sido reduzidas. Paralelamente, o Banco Central pode adotar uma postura mais cautelosa em relação à política monetária, buscando reduzir as apostas de aceleração no ritmo de queda da taxa Selic no futuro.
Na China, o banco central do país cortou as taxas de juros após uma série de indicadores positivos mostrarem que a indústria e o varejo tiveram um desempenho melhor do que o esperado em agosto. No entanto, as vendas de moradias caíram no acumulado de janeiro a agosto, e os investimentos em ativos fixos avançaram menos do que o previsto para o mesmo período, sugerindo que a economia chinesa ainda enfrenta desafios.
No cenário interno, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados de vendas do varejo em julho. Na perspectiva restrita, houve um aumento de 0,7% em relação ao mês anterior, superando a expectativa média de 0,5%. No entanto, na perspectiva ampliada, houve uma queda de 0,3%, ficando abaixo do piso de 0,8% esperado, mas ainda assim contrariando a mediana de elevação de 0,3%.
No momento, o Ibovespa futuro está em alta de 0,28%, atingindo os 120.720 pontos às 9h37. No pré-mercado dos Estados Unidos, a movimentação é discreta, com o Nasdaq cedendo 0,13%. Os ADRs da Vale apresentam um aumento de 1,25%, enquanto os da Petrobras registram uma elevação de 0,30%.
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