Os juros futuros tiveram uma sessão volátil nesta segunda-feira (4), com uma tendência de alta, devido à ausência dos negócios em Wall Street, o que resultou em uma liquidez significativamente baixa no mercado. Em um cenário de poucas referências sólidas, as taxas experimentaram ajustes técnicos ao longo do dia, enquanto pairava a desconfiança fiscal sobre a capacidade do governo em zerar o déficit em 2024.
- O Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2025 encerrou com taxa de 10,60%, em comparação com os 10,57% do ajuste de sexta-feira;
- O DI para janeiro de 2026 projetou uma taxa de 10,22% (10,19% no ajuste anterior);
- O DI para janeiro de 2027 registrou 10,39%, frente aos 10,35% anteriores;
- O DI com vencimento em janeiro de 2029 fechou a 10,83%, em comparação com 10,80%.
Liquidez baixa e movimentos técnicos
Com o volume de contratos bastante reduzido, especialistas destacam que a avaliação das taxas se tornou desafiadora, e o mercado operou sem uma direção clara, em parte devido ao feriado americano do Dia do Trabalho, que impactou a liquidez local. No período da tarde, as taxas apresentaram uma tendência de alta mais pronunciada.
Preocupações com as contas públicas persistem
As preocupações em relação às contas públicas continuam no radar, especialmente em relação à capacidade do governo de gerar receitas para equilibrar as despesas em 2024 e, assim, cumprir a meta de zerar o déficit nesse ano.
O secretário de Orçamento Federal, Paulo Bijos, afirmou que o governo possui “medidas de contingência e margens de manobra naturais no processo orçamentário” para auxiliar na busca do déficit zero. No entanto, os agentes de mercado acreditam que essas margens provavelmente serão acionadas através do aumento de receitas, em vez de cortes de gastos. A possibilidade de antecipar receitas de longo prazo do pré-sal para o curto prazo tem sido discutida, mas é vista com preocupação por alguns analistas.
Perspectivas para a meta fiscal de 2024
Há também a possibilidade de que a meta fiscal de 2024 seja revisada, com algumas instituições já trabalhando com a ideia de que o governo poderá alterar o alvo. A Bradesco Asset, por exemplo, ampliou sua projeção de déficit primário das contas do governo central em 2024 de 0,4% para 0,6% do PIB. Isso reflete a incerteza em torno da capacidade do governo de cumprir a meta atualmente estabelecida, que prevê um resultado primário entre -0,25% e 0,25% do PIB.
Imagem: Piqsels