Os juros futuros tiveram movimentos significativos na sessão desta sexta-feira, 1º de setembro, à medida que os investidores ajustaram suas expectativas em relação à trajetória da taxa Selic, após um surpreendente crescimento do PIB no segundo trimestre. A sessão também foi marcada por alta moderada no trecho intermediário da curva, enquanto as taxas longas apresentaram viés de baixa.
Juros futuros na ponta curta da curva
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, que reflete as expectativas para a Selic no fim de 2024, subiu cinco pontos-base em relação ao ajuste anterior, atingindo 10,570%. Já o DI para janeiro de 2026 ganhou dois pontos, chegando a 10,165%, enquanto o contrato para janeiro de 2024 permaneceu próximo da estabilidade, com taxa de 12,375%.
Nos trechos longos, viés de baixa
Nos trechos mais longos da curva, o DI para janeiro de 2027 encerrou em leve baixa, passando de 10,346% para 10,335%, e o contrato para janeiro de 2029 recuou cinco pontos, de 10,824% para 10,770%. Como resultado, a curva perdeu inclinação, com queda do spread entre os contratos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029, de 30,3 pontos-base no ajuste anterior para 20 pontos.
Entendendo o movimento
Analistas atribuem o movimento das taxas na sessão a uma retirada das apostas de queda mais rápida da taxa Selic, após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter informado que o PIB brasileiro cresceu 0,9% no segundo trimestre. Isso ficou 0,6 ponto percentual acima do consenso de mercado, que previa um crescimento de 0,3%. A interpretação do mercado é que a atividade econômica mais forte torna improvável uma aceleração no ritmo de redução das taxas de juros, o que poderia indicar juros mais altos no final do ciclo.
Impacto internacional
Além do crescimento econômico mais forte no Brasil, o aumento dos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos também influenciou os movimentos dos DIs. Mesmo com o relatório de empregos (payroll) indicando um aumento na taxa de desemprego nos EUA, de 3,5% em julho para 3,8% em agosto, o índice de atividade industrial (PMI) surpreendeu positivamente, levantando incertezas sobre as próximas ações do Federal Reserve (Fed).
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