Após três dias consecutivos em alta, a Bolsa fechou em queda de 3,38% em um dia de forte aversão ao risco global com a notícia da descoberta da nova variante da covid 19, ômicron, na África do Sul, mostrando que a pandemia não acabou. O temor dos investidores é de que a cepa possa desencadear problemas econômicos com os novos contágios. Na semana, o Ibovespa encerrou com recuo de 0,78%.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a nova variante é preocupante devido às várias mutações. A Bélgica informou, hoje, que foi identificado o primeiro caso de contaminação pela cepa.
- Aprenda a lucrar nas quedas da Bolsa. Baixe nosso e-book gratuito.
O principal índice da B3 caiu 3,38%, aos 102.224,26 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro perdeu 3,71%, aos 102.505 pontos. O giro financeiro foi de R$ 26,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em forte queda.
As ações listas em Bolsa sofreram com o impacto negativo, apenas dois papéis fecharam em alta-Suzano da Suzano (SUZB3) e Taesa (TAEE11) com ganho de 0,14% e 0,11%, nessa ordem. As maiores baixas do índice ficaram para as empresas ligadas ao turismo, como as companhias aéreas-Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) – e a CVC CVCB3), caíram 11,81%
O petróleo Brent recuou mais de 11% refletindo nos papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4), que perderam 4,36% e 3,88%.
Alexsandro Nishimura, head de conteúdo e sócio da BRA, comentou que as ordens de venda predominaram aqui e no exterior com o temor em relação à variante encontrada na África do Sul, mas ainda não dá para dizer que a cepa “vai reagir às vacinas ou como os países vão lidar caso haja novas ondas de contaminação”.
João Addouni, especialista em investimentos da Inversa Publicações, comentou que em um primeiro momento o Ibovespa acompanha a queda global e fica assustado com um possível lockdown, mas enxerga um movimento mais otimista para o mercado de ações. “Como a nossa Bolsa já está mais barata, estão sendo tomadas ações para conter a inflação, com taxa de juros subindo, além de o déficit fiscal estar mais controlado que o restante do mundo, como se estivéssemos à frente em todas as etapas, vamos observar nos próximos meses que a Bolsa deve performar melhor em relação ao resto do mundo”.
O especialista em investimentos da Inversa Publicações comentou que, até então, as variantes novas foram combatidas pelas vacinas e no Brasil a vacinação está adiantada, diferentemente da Europa e Estados Unidos que têm mais resistência à imunização. “Se as pessoas que foram vacinadas aqui tiverem defesa para essa variante, ficamos tranquilos, mas se a cepa for superior aos imunizantes já aplicados, a situação fica complicada”.
Segundo José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, a Bolsa abre em queda com os impactos que mais uma variante pode causar globalmente. “Essa nova variante assusta o Brasil e o mundo e o impacto é forte no mercado financeiro porque fica o fantasma de um novo lockdown, principalmente na Europa, que já enfrenta restrições, e devido à experiência passada pode fechar ainda mais”.
O analista comentou que se a Europa fechar, o PIB pode cair e provocar uma recessão, no entanto, mas pode aliviar a inflação, cai preço do minério, gás, petróleo”. E por aqui, “devemos ficar atentos ao carnaval para não repetir os problemas europeus”. Na sessão de hoje haverá fortes ajustes nos ativos e “a preocupação com a variante pode ser um fator para retardar o aumento de juros nos Estados Unidos”.
Embora a situação da variante seja preocupante, Gonçalves salientou que esse cenário pode trazer excelentes oportunidades para os investidores, “se ganha na compra e não na venda”.
Soraia Budaibes / Agência CMA
Copyright 2021 – Grupo CMA
Imagem: Pixabay