O dólar à vista teve um declínio significativo durante a sessão de terça-feira, encerrando em torno de R$ 4,85. Esse movimento foi impulsionado pela tendência de baixa da moeda americana no mercado internacional e pela redução das taxas dos Treasuries, os títulos do governo dos Estados Unidos. A divulgação de dados abaixo das expectativas sobre a criação de vagas de trabalho nos EUA afastou a possibilidade de aumentos de juros pelo Federal Reserve ainda este ano e aumentou as apostas de cortes nos juros do FedFunds em 2024.
O dólar registrou uma máxima de R$ 4,9020 no início da sessão e uma mínima de R$ 4,8495, encerrando o dia a R$ 4,8546, o que representa uma queda de 0,42%. Com esse resultado, a valorização do dólar em agosto foi reduzida para 2,65%, enquanto no acumulado do ano a moeda americana apresenta uma desvalorização de 8,06%. A liquidez melhorou em comparação ao dia anterior, com o contrato de dólar futuro para setembro movimentando mais de US$ 12 bilhões, indicando um maior apetite por negociações.
Atenção ao Cenário Fiscal
As atenções no mercado interno continuam voltadas para as medidas governamentais destinadas a aumentar a receita e para o orçamento. Durante a tarde, houve um certo desconforto entre os operadores em relação à possibilidade de alteração da meta de eliminação do déficit primário para 2024, como previsto no arcabouço fiscal. Isso levou o dólar a desacelerar sua queda e a flertar brevemente com a estabilidade. No entanto, as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rejeitando a mudança na meta fiscal e o aprofundamento da desvalorização do dólar no exterior, contribuíram para a retomada da queda da moeda.
Declarações de Haddad
Uma reportagem do Broadcast revelou que ministros do governo, incluindo a Casa Civil (Rui Costa), a Gestão (Esther Dweck) e o Planejamento (Simone Tebet), defendem uma meta de déficit primário entre 0,5% e 0,75% do PIB para 2024. O governo deve apresentar o projeto de lei orçamentária ao Congresso até quinta-feira, 31. Logo em seguida, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Orçamento de 2024 será encaminhado com um “resultado equilibrado”, uma vez que não há mais tempo para ajustes. Segundo Haddad, o orçamento já está pronto há mais de 15 dias e as receitas primárias igualam-se às despesas primárias.
Desempenho internacional
No mercado internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a outras moedas, apresentou um declínio consistente ao longo do dia, chegando a cerca de 103,400 pontos no final da tarde. Isso ocorreu após uma mínima de cerca de 104,355 pontos. A moeda americana teve desvalorização em relação à maioria das moedas emergentes e de países exportadores de commodities. Pela manhã, o relatório Jolts mostrou uma diminuição no número de vagas de emprego nos EUA, passando de 9,165 milhões em junho para 8,827 milhões em julho, contrariando as expectativas dos analistas, que previam 9,478 milhões de vagas.
Imagem: Piqsels