A taxa de juros brasileira subiu novo degrau nesta quarta-feira (27/10), quando o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic para 7,75% ao ano, já comunicando que vem um novo aumento, na próxima reunião, em 45 dias.
Agora, a previsão oficial é termos uma Selic de 9,25% no fim do ano. Isso impacta, invariavelmente, todos os investimentos, tanto os de chamada renda fixa quanto de renda variável.
Para entender a magnitude do impacto no seu bolso, é preciso primeiro compreender o que é a Selic.
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Apesar de carregarem o mesmo nome, “Taxa Meta Selic”, “Taxa Selic” e “Selic” trazem conceitos diferentes.
A palavra Selic, aliás, é uma sigla para “Sistema Especial de Liquidação e Custódia”. É o sistema pelo qual o governo liquida as operações com títulos públicos.
A “Taxa Meta Selic” é a taxa básica definida nas reuniões do Copom, sendo um dos mecanismos de política monetária do governo. Por ela, em resumo, define-se o custo do dinheiro.
Já a Taxa Selic é a tomada a partir das operações feitas entre as instituições financeiras, lastreadas nos títulos do Tesouro Nacional, que seguem a Taxa Meta Selic.
A Taxa Selic é usada como base para as outras taxas do mercado, desde o DI (CDI) que é a base para as operações de crédito, quanto para a remuneração da poupança.
No campo da política monetária, a Taxa Meta Selic pode ser utilizada para estimular ou frear a economia. No caso de uma intensa atividade econômica, que tem como efeito colateral o aumento da inflação, o governo pode aumentar a taxa básica de juros para “deixar o dinheiro mais caro”, incentivar mais a poupança, e assim aumentar o custo e a taxa mínima de atratividade para investimentos (TMA). Com uma diminuição na atividade econômica, a inflação tende a arrefecer.
O governo também pode diminuir a taxa básica para estimular a economia, diminuindo a taxa mínima de atratividade do investimento, incentivando assim a circulação do dinheiro e os investimentos – fato que ocorreu durante a pandemia.
Apesar do aumento nominal na taxa de juros, a rentabilidade real da taxa de juros ainda permanece negativa, uma vez que a inflação acumulada dos últimos 12 meses está em 10,25% (IPCA).
Com isso, apesar da taxa Selic remunerar 7,75% a partir de agora, nosso poder de compra perdeu 10,25%, fazendo com que ativos indexados à taxa de juros tenham, na verdade, um juros real negativo.
Com a elevação da taxa de juros, os investimentos de renda fixa tornam-se mais atraentes, dado aos riscos que eles apresentam. Os Títulos Públicos são considerados os mais seguros, pois tem como contraparte o próprio Governo Federal.
Assim, o fluxo de migração de investimentos para essa classe de ativos tende a aumentar.
Como isso impacta a renda variável?
Se por um lado os investimentos em renda fixa se tornam mais atrativos, alguns investimentos em renda variável podem ter a sua precificação impactada. Pois com uma taxa de juros maior, o custo de oportunidade também aumenta. Com uma taxa livre de risco mais alta, a TMA, a taxa mínima de atratividade para investimentos, se torna maior.
Em paralelo, um dos principais modelos de precificação de ações (chamado de fluxo de caixa descontado) busca uma forma de trazer a valor presente os fluxos de caixa futuro da empresa. Para isso, usam uma taxa relacionada com a taxa básica de juros. Logo, quanto maior for essa taxa, menor é o valor de precificação da empresa.
Outro fator colateral seria em relação ao crescimento da economia. Com as taxas incentivando mais a poupança e menos a circulação do dinheiro, o crescimento do país tende a ser afetado.
Com um crescimento menor do PIB do país, as empresas sofrem com uma revisão em relação às suas perspectivas de receitas, e consequentemente uma diminuição no seu valor. As empresas consideradas como “growth”, as quais possuem nas suas premissas de preço um alto crescimento futuro, são fortemente impactadas por essas revisões. Mas nem todos os setores são prejudicados com esse novo panorama nos juros. Alguns setores são mais resilientes nesse cenário.
Por isso é importante que a nossa carteira de investimentos esteja bem balanceada para conseguir surfar bem esses movimentos, pois, além do aumento da Selic, e o aumento da inflação, ainda temos boas oportunidades nos ativos de renda variável.
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*Imagem: Piqsels.com