A proposta de aquisição de ativos da Marfrig pela Minerva tem gerado atenção no mercado financeiro, com o Goldman Sachs expressando surpresa diante da magnitude do negócio. A instituição destaca o mérito estratégico dessa movimentação, que poderia transformar a Minerva em um dos principais produtores globais de carne bovina, com uma participação de 4,4% no mercado mundial.
A aquisição proposta contribuiria para fortalecer a Minerva como líder na produção de carne bovina na América Latina, reforçando sua posição estratégica para investidores interessados na segurança alimentar. O Goldman Sachs ressalta que parte da atratividade do investimento na Minerva é baseada no pagamento de dividendos (payout). Porém, a instituição espera uma reação negativa nas ações da empresa diante das notícias sobre a aquisição.
A proposta de aquisição impulsionaria a capacidade de abate da Minerva em 42%, incorporando unidades no Brasil, Uruguai e Argentina. Isso resultaria em um aumento de 33,8% na capacidade de abate de ovinos. A Minerva concordou em pagar R$ 7,5 bilhões pelos ativos da Marfrig, divididos entre R$ 1,5 bilhão na assinatura do acordo e R$ 6,0 bilhões no fechamento. É relevante notar que o valor de mercado da Marfrig atualmente é de R$ 44 bilhões.
De acordo com registros da Minerva, os ativos em questão tiveram um desempenho significativo nos últimos 12 meses, gerando R$ 18 bilhões em vendas e R$ 1,5 bilhão em Ebitda. Isso equivale a 53,9% do Ebitda autônomo da Minerva, resultando em uma avaliação de 5,0 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses. Em comparação, as ações da Minerva são negociadas a 5,1 vezes o Ebitda.
O Goldman Sachs alerta que o preço de compra proposto poderia aumentar a alavancagem da Minerva para 3,3 vezes o Ebitda, ultrapassando o limite anterior de 2,5 vezes para um pagamento de 50%. Isso poderia levar a restrições nos dividendos, com a possibilidade de nenhum dividendo extra no quarto trimestre e um pagamento de 25% em 2024, abaixo da previsão inicial de 50%.
Os riscos associados a essa aquisição e ao investimento na Minerva incluem a possibilidade de embargos de exportação, interrupções sanitárias, desaceleração na demanda chinesa, volatilidade cambial, cenário político na Argentina e aumento da concorrência na exportação de carne bovina.
O Goldman Sachs mantém sua recomendação de compra para as ações da Minerva, estabelecendo um preço-alvo de R$ 15,80 para os próximos 12 meses, refletindo um aumento potencial de 45% em relação ao preço atual das ações.
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