O dólar iniciou o pregão com uma queda em relação ao real, porém, ao longo da manhã, reverteu sua trajetória e alcançou a marca de R$ 4,8897 (+0,29%), conforme os dados do mercado à vista. Investidores locais estão aproveitando para realizar lucros, compensando a queda acumulada de 1,86% na semana passada e de cerca de 3% ao longo de agosto até sexta-feira. Essa movimentação é incentivada pelo fortalecimento externo do dólar norte-americano em relação às moedas emergentes associadas a commodities no cenário internacional.
Os olhares dos investidores estão atentos a diversos fatores que podem influenciar o comportamento do câmbio. Entre eles, destaca-se a queda das taxas dos Treasuries nos Estados Unidos, assim como as declarações feitas pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante o fim de semana e em palestras ao longo do dia. A expectativa também gira em torno do boletim Focus, das movimentações políticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do progresso da pauta econômica no Congresso. Um dos pontos em discussão é a votação do projeto de desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia, que inclui divergências sobre a inclusão do benefício para prefeituras.
Campos Neto destacou no sábado que a convergência fiscal poderá contribuir para uma queda mais sólida das taxas de juros e sua manutenção em patamares mais baixos por um período prolongado. Embora tenha frisado que o Banco Central não é responsável por políticas fiscais, ele ressaltou a importância desse aspecto. Suas palavras refletem a preocupação do mercado em relação à questão fiscal, principalmente após a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara na semana anterior. Contudo, persistem questionamentos sobre a capacidade do governo em cumprir as metas fiscais.
O boletim Focus revelou um ajuste nas projeções para o IPCA de 2024, passando de 3,86% para 3,87%. As previsões permaneceram estáveis para 2023 (4,90%), 2025 (3,50%) e 2026 (3,50%). As expectativas para a taxa Selic também permaneceram inalteradas para os anos de 2023 a 2026, mantendo-se em 11,75%, 9,00%, 8,50% e 8,50%, respectivamente.
No âmbito internacional, os retornos dos Treasuries recuaram à medida que os índices futuros das bolsas em Nova York e na Europa registraram alta, impulsionados por estímulos ao mercado de ações na China. No entanto, ecoam as declarações “hawkish” do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, feitas em Jackson Hole na sexta-feira.
Powell enfatizou a possibilidade de o banco central aumentar as taxas de juros, se necessário, mantendo-as restritivas por um período para que a inflação se aproxime da meta anual de 2%. Após suas declarações, o mercado passou a precificar a probabilidade de ao menos um aumento nas taxas de juros até novembro, adiando para junho de 2024 a expectativa de relaxamento monetário, de acordo com o monitoramento do CME Group.
Na China, foi anunciada uma queda de 15,5% nos lucros industriais entre janeiro e julho em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em Hong Kong, as ações do China Evergrande Group caíram 89% na bolsa nesta segunda-feira após relatar prejuízo no primeiro semestre deste ano.
No cenário interno, dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicam que o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) acelerou para 0,24% em agosto, em comparação com a alta de 0,06% em julho. A taxa acumulada em 12 meses pelo indicador passou de 3,15% para 3,06% no período.
Por fim, o Índice de Confiança da Construção (ICST) registrou um aumento de 0,7 ponto em agosto, atingindo 95,9 pontos, o patamar mais elevado desde outubro de 2022 (100,9 pontos), de acordo com a FGV.
Na agenda desta semana, destaque para o anúncio do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil (sexta-feira) e dos Estados Unidos referente ao segundo trimestre (quarta-feira). Além disso, na sexta-feira, o relatório de empregos americano, o payroll, será divulgado, juntamente com a revisão do Índice de Preços ao Consumidor (PCE), uma medida de inflação prioritária para o Fed.
Até as 9h45, o dólar à vista apresentava um aumento de 0,29%, alcançando R$ 4,8897. O dólar futuro para setembro também registrava alta de 0,18%, atingindo R$ 4,8880.
Imagem: Domínio Público