A Bolsa chegou a cair mais de 1,4% e fechou em queda de 0,80% com os investidores preocupados com o cenário político e fiscal no País e as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a Petrobras impactaram fortemente nas ações da petrolífera com o temor de ingerência política na empresa.
Os papéis da Petrobras, Vale e das siderúrgicas caíram desde a abertura com o recuo do minério de ferro, petróleo e dados piores da economia chinesa. No mês, a Bolsa registrou perda de 2,48% e no ano acumula queda de 0,20%.
O principal índice da B3 encerrou em queda de 0,80% aos 118.781,03 pontos. A mínima no interdiário atingiu 117.910,97 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou de 1,17%, aos 119.175 pontos. O volume negociado foi de R$ 34 bilhões. O giro financeiro foi maior na sessão de hoje devido a formação da nova carteira teórica.
Para Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, o mau humor no mercado é atribuído às questões internas. “A possibilidade da PEC dos precatórios ficar fora do orçamento e às declarações de Bolsonaro em relação Petrobras afirmando que a estatal poderia ter alguma atuação para conter os preços dos combustíveis pesa sobre a Bolsa” afirmou. Soma-se a isso a performance mais fracas de outras commodities.
Para Rodrigo Moliterno, analista da Veedha Investimentos, a Bolsa reflete a queda das ações das commodities por conta do recuo do petróleo, minério e dados da economia chinesa e potencializa o pessimismo com a questão política-fiscal local. “Praticamente não aproveitamos as melhoras internacionais por conta dos impasses interno-fiscal, rompimento de teto, expectativa da Lei Orçamentária, precatórios e, atrelado a isso, temos a questão política trazendo volatilidade”.
Moliterno acrescentou que o mercado não gosta de incertezas e muitos gestores estão migrando suas posições para o exterior.” O Brasil pode perder grande espaço de recuperação global por conta de vontades políticas”. O analista da Veedha Investimentos acredita em uma solução do fiscal para os próximos dias em relação ao fiscal. “Se a parte fiscal não for resolvida, pelo menos será endereçado de como deve ser, no entanto ficamos à mercê da política”, enfatizou.
Em relação à Proposta da Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2002 entregue nesta tarde ao Congresso, Moliterno afirmou que “ainda não teve impacto no mercado. Os investidores estão tentando entender a proposta”.
O analista da Veedha Investimentos também comentou sobre os atritos entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. “Essas divergências prejudicam ainda mais o mercado”. Pacheco chegou a comentar o que vier do ministro da Economia até 2002, não vai dar atenção.
Os papéis da Vale (VALE3) caíram 1,36% e Petrobras (PETR3 e PETR4) recuaram 2,78% e 3,92%. As siderúrgicas como Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) perderam 1,28%, 4,98% e 0,80%, respectivamente.
Para Leonardo Santana, analista da Top Gain, os papéis das commodities e índice nos Estados Unidos abaixo das expectativas refletem a volatilidade. “As ações ligadas às commodities, com forte peso no índice, são impactadas pelo recuo do petróleo e minério de ferro
esperado do índice de confiança ao consumidor nos Estados Unidos”.
Santana destacou o recuo do petróleo antes da reunião de amanhã da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+). “A postura dos membros da Opep+ deve ser a mesma do encontro anterior, de aumentar a produção em 400 mil barris”.
O analista da Top Gain acrescentou que as ações da Vale (VALE3) pesam muito no índice e devem seguir provocando volatilidade durante o pregão. “Apesar da alta do setor financeiro, não é possível trazer otimismo para a Bolsa”.
Soraia Budaibes / Agência CMA
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