Se você abriu sua conta investimentos nesta quarta-feira (23) e se deparou com o MRFG1 na sua carteira, o Monitor do Mercado explica: essa é a novo papel da Marfrig, que mal nasceu e já cai 43%. Entenda o que aconteceu.
Em 15 de agosto deste ano, a Marfrig divulgou um aumento de capital de até R$ 2,163 bilhões, para o qual emitirá novas ações MRFG3, com preço de emissão de R$ 7,21 cada uma.
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Esse aumento de capital, ou “follow on”, foi feito para pagar outro follow on, o da BRF. Parece confuso, mas faz sentido na prática.
No fim de maio, a BRF comunicou a emissão primária de 500 milhões de ações, ao preço de R$ 9.
A Marfrig se comprometeu a participar da emissão, comprando 250 milhões de ações da BRF. No total, foram R$ 1,5 bilhão gastos pela Marfrig.
Com R$ 1,5 bilhão a menos no caixa, a estratégia da Marfrig foi fazer seu próprio follow on, para tentar levantar uma parte dessa quantia.
E o preço da emissão das novas ações da Marfrig foi cravado a R$ 7,21. Isso é R$ 0,20 a mais do preço que suas ações MRFG3 iniciaram o dia, e muito maior do que o preço que operam no início da tarde, a R$ 6,87.
O que é MRFG1? Devo vender?
Os acionistas da Marfrig, que tinham ações MRFG3, receberam papéis com o código MRFG1 em suas contas. Ele representa o seu direito, como acionista, de participar dessa subscrição. Ou seja: de comprar essas ações que serão emitidas pela Marfrig, diretamente da empresa.
Bônus de subscrição são títulos que dão o direito de adquirir (subscrever) novas ações da empresa, cumprindo alguns requisitos.
Neste caso, o requisito é pagar os R$ 7,21 determinados pela companhia.
Como as ações MRFG3 estão mais baratas do que isso, o bônus parece uma alternativa sem vantagens.
A verdade é que, com a cotação de hoje, você estaria pagando quase R$ 0,40 a mais no mesmo papel, ao optar por participar pela subscrição.
E aí que mora o perigo. Sem os investidores comprando, pode haver uma diluição de capital, é possível que o controlador aumente sua fatia, diminuindo a participação dos acionistas minoritários.
A pulverização do controle é uma das principais questões para a existência de uma companhia aberta. Se todo o controle fica concentrado, o mercado de ações vira apenas uma ponte para capitação de dinheiro para empresas de capital fechado, o que afetaria negativamente a governança das companhias.
Vimos isso no caso da GOLL14. A Gol também deu aos acionistas o direito de subscrição, mas recém-criada ação despencou 92%, já que exigia um pagamento muito maior do que o preço atual das ações.
O caso GOLL14
Logo após o anúncio da subscrição de ações da Gol, no último dia 14, o Citi Bank rebaixou a sua recomendação para os ADRs da Gol, de compra para neutra e preço-alvo caiu quase pela metade, de US$ 7,75 para US$ 4,20.
Segundo o Goldman Sachs, a subscrição pode diluir em até 82% a participação dos acionistas que não optaram por participar do programa. Aumentando demais o controle da holding Abra sobre o grupo.