O presidente Jair Bolsonaro apresentou nesta sexta-feira (20/8) ao Senado Federal um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tal como vinha prometendo há vários dias, inconformado com o que considera perseguição ao seu governo por causa de inquéritos comandados pelo magistrado.
De acordo com o site ConJur, a intenção inicial de Bolsonaro era incluir em seu pedido também o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Há pelo menos um mês Bolsonaro vem atacando o processo eleitoral e divulgando informações falsas sobre a segurança das urnas eletrônicas.
Em um documento de 102 páginas dirigido ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Bolsonaro lista o que considera uma série de irregularidades cometidas pelo ministro do STF e pede sua destituição do cargo por crime de responsabilidade. Além disso, quer que lhe seja aplicada a pena de oito anos de inabilitação a cargo público.
A instabilidade do governo tem incomodado investidores estrangeiros. Relatório recente do banco americano Wells Fargo afirma que o claro início da campanha do presidente Jair Bolsonaro para sua reeleição em 2022 traz riscos à trajetória fiscal do Brasil e pode resultar em mais pressão pela desvalorização do real no ano que vem.
“Embora a eleição presidencial do Brasil ainda esta a um ano de distância, a campanha parece já ter começado, especialmente para o presidente Bolsonaro, o que do nosso ponto de vista é preocupante para os mercados financeiros locais”, disse Brendan McKenna, economista internacional do Wells Fargo, em um relatório.
Além disso, diz McKenna, a insistência de Bolsonaro no voto de papel mesmo após a proposta ser derrotada na Câmara e as alegações de fraude aumentam a possibilidade de uma eleição contestada caso ele não seja mantido no cargo. “Num cenário em que a transição de poder não seja suave, esperamos que a moeda brasileira sofra pressão significativa e deprecie mais, e num ritmo mais rápido, do que o esperado atualmente”, diz o relatório.
O Wells Fargo prevê que o dólar chegará ao meio do ano que vem em R$ 5,40 e terminará 2022 em R$ 5,60. “Por enquanto não estamos incluindo a contestação das eleições na nossa previsão para a taxa de câmbio, mas esperamos que a retórica política se intensifique conforme nos aproximamos das eleições”, disse o economista, acrescentando que a piora do resultado fiscal também está embutida nas projeções.
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil