O dólar comercial fechou a sessão em R$ 5,3850, com queda de 0,68%. Isso ocorreu devido à fala do presidente da unidade de Dallas do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Robert Kaplan, que, no início desta tarde, disse que os estímulos à economia devem continuar.
Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “houve uma leitura bastante equivocada sobre a ata da última reunião do Fed. Em momento nenhum eles citaram a possibilidade concreta de tapering (remoção de estímulos).
Não vi esse sinal hawkish (mais austeridade no controle à inflação) por parte do Fed, que ainda é uma instituição, em sua maioria, bem dovish (menos propenso ao aumento de juros e redução de estímulos)”.
Vieira é reticente quanto à redução dos estímulos: “Caso venha o tapering, será em conta-gotas. As pessoas também estão confundindo tapering com normalização de juros, mas são coisas distintas. Esse erro de leitura também reflete o momento de um ciclo de correções de ativos no mercado”, analisa.
Kaplan alegou, em entrevista à Fox Business, que o avanço da variante delta o levou a fazer ponderações. O executivo defendia, até a última semana, a retirada já em outubro deste ano dos estímulos à economia.
Para o gestor de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, “existe a pressão eterna devido a fatores como a covid-19, mas a maior pressão é a interna”. “O pacote fiscal, o presidente convocou uma manifestação nebulosa para o dia 7 de setembro e a alta inflação batendo forte na camada pobre faz com que o investidor avalie melhor se vale a pena investir no Brasil”, complementa.
Nagem ainda toca em outro ponto: “Soltando os auxílios, o consumo aumenta. A falta de produtos no mercado, como peças de carro, também contribui para o aumento da inflação. O câmbio também é impactado, e no começo da próxima semana deve chegar a R$ 5,50”, prevê.
Segundo o analista da Top Gain, Leonardo Santana, “a desconfiança do mercado, o aumento dos casos da covid-19 e o tapering nos Estados Unidos fazem com que o dólar fique nesse patamar”.
Santana prevê uma sessão volátil, principalmente no período da manhã, mas alertou: “Corremos o risco de um leilão inesperado de dólar do Banco Central para injetar liquidez no mercado. Acho que atualmente um patamar confortável para o dólar é na casa dos R$ 5,50, a não ser que o BC comece a gastar reservas cambiais de modo recorrente”, avaliou.
Paulo Holland / Agência CMA
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