O dólar comercial fechou a sessão em R$ 5,2810, com alta de 0,66%. Mais que os números da China, que vieram abaixo da expectativa, problemas internos como a tensão entre Judiciário e Executivo, assim como o risco de não cumprir as metas fiscais, foram preponderantes na alta da moeda norte-americana.
De acordo com o head de análise macroeconômica da Green Bay Investimentos, Flávio Serrano, “ainda há muitas incertezas sobre o que será feito com o teto de gastos, assim como a questão dos precatórios. Isso deixa o mercado mais sensível”.
Serrano destaca, porém, que o real tem sofrido menos que o esperado: “No ano passado, o dólar chegou a quase R$ 5,80 e houve uma correção. Com as taxas de juros maior, a balança comercial positiva e, até então, uma percepção de melhora fiscal, o dólar era para estar na faixa dos R$ 4,60. Mas tudo isso foi dissipado”, destaca Serrano.
Segundo a economista e estrategista do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “a semana vai ficar ligada à política interna, sobretudo às reformas e o novo bolsa família, de como eles conseguirão encaixar isso dentro do teto dos gastos. Também temos a questão dos precatórios”.
“Nos próximos dias e semanas o mercado deve ter muita volatilidade, isso também se deve à aproximação das eleições de 2022”, contextualiza Quartaroli, referindo-se a medidas com caráter eleitoreiro.
“Os dados piores da China criam certa aversão ao emergentes”, disse o economista-chefe da Necton, André Perfeito. A produção industrial chinesa cresceu 6,4% em julho, em comparação ao mesmo período do ano passado. Especialistas, porém, previam que este aumento fosse de 7,8%.
Além disso, no Brasil, “temos uma agenda política cheia, além do mal-estar político e a votação da reforma tributária e dos precatórios”, disse Perfeito. No fim de semana, em mais um desdobramento da crise entre o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro anunciou que quer abrir um processo no Senado contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Paulo Holland / Agência CMA
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