O dólar à vista teve uma queda consistente durante a sessão de hoje, fechando abaixo de R$ 4,95 pela primeira vez desde o último dia 11. Esse movimento foi influenciado por uma realização de lucros e ajuste de posições no mercado futuro. A alta nas commodities metálicas, como o minério de ferro, e a queda das taxas dos Treasuries de 10 e 30 anos, que tinham atingido o nível mais alto desde 2007, também contribuíram para essa tendência. Além disso, o otimismo em relação às ações locais, que subiram mais de 1%, e a expectativa da votação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, geraram uma valorização do real.
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Liquidez limitada e indicadores de cautela
O dólar à vista iniciou o dia em queda e atingiu a mínima de R$ 4,9265 durante a manhã. Ao final da sessão, a moeda registrou uma queda de 0,76%, fechando a R$ 4,9407. Como resultado, o dólar acumulou uma diminuição de 0,55% nas duas primeiras sessões da semana, reduzindo a valorização que havia chegado a quase 6% em agosto, para 4,47%. A liquidez também foi reduzida, indicando uma relutância em fazer apostas mais arriscadas. O contrato de dólar futuro para agosto movimentou menos de US$ 10 bilhões, refletindo uma postura mais cautelosa dos investidores.
O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, explicou que o movimento de queda do dólar foi impulsionado pelo aumento nas commodities e pelo crescimento do Ibovespa, possivelmente devido ao influxo de investidores estrangeiros. Velloni destacou que tecnicamente o dólar ainda tem espaço para cair para o nível de R$ 4,85.
Cenário internacional e desdobramentos
No cenário internacional, o índice DXY, que mede o valor do dólar em relação a uma cesta de moedas, estava em alta, operando por volta dos 103,500 pontos. Embora tenha havido decepção em relação ao corte de juros na China, os contratos futuros de minério de ferro em Dailan subiram mais de 4%.
Expectativa pelo discurso de Powell e indicadores econômicos
Os investidores agora estão aguardando o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, que ocorrerá na sexta-feira, dia 25. Enquanto isso, as atenções também se voltam para a agenda econômica no Congresso brasileiro. O projeto de lei do novo arcabouço fiscal está na pauta de votações da Câmara dos Deputados. O relator do projeto, deputado Cláudio Cajado (PP-AL), planeja retirar do texto a emenda feita no Senado sobre as despesas condicionadas, que necessitam da aprovação dos parlamentares para serem executadas.
Foco no congresso e projeções fiscais
Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust, apontou que as incertezas quanto à capacidade de cumprimento das metas de resultado primário, baseadas no aumento da receita, estão contribuindo para a estabilidade do dólar no mercado doméstico. Ele enfatizou que as resistências no Legislativo em relação aos projetos de tributação de fundos offshore e aplicações no exterior podem impactar as metas fiscais para 2023 e 2024.
Imagem: Piqsels